Linha de produção da Usiminas: siderúrgica citou a queda significativa dos preços do minério de ferro desde o início de 2015 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2015 às 10h22.
São Paulo - A siderúrgica Usiminas ampliou no segundo trimestre em mais de três vezes o prejuízo dos três primeiros meses do ano, afetada pela crise do mercado de aço e por baixa contábil na unidade de mineração por conta de piora nas expectativas sobre preços futuros do minério de ferro.
A empresa teve prejuízo líquido de 781 milhões de reais no período de abril a junho, ante resultado positivo de 129 milhões de reais no mesmo período de 2014 e prejuízo de 235 milhões no primeiro quarto deste ano.
A companhia reconheceu no balanço redução de 985 milhões de reais no valor de seus direitos minerários, sendo 868 milhões de reais na Mineração Usiminas e 117 milhões de reais na Usiminas.
"O valor em uso na unidade de mineração foi atualizado para refletir as melhores estimativas da administração sobre o preço futuro do minério, com base em projeções de mercado", disse a empresa. "Os preços projetados para o minério de ferro foram entre 57 dólares a tonelada e 74 dólares", acrescentou a empresa.
Em seu relatório de resultados, a Usiminas citou a queda significativa dos preços do minério de ferro desde o início de 2015, devido à diminuição das expectativas em relação ao crescimento global, decorrente da menor atividade na China, aliado ao aumento da capacidade de produção da Austrália.
Os preços do minério de ferro acumulam queda de cerca de 30 por cento desde o início do ano, indo de 71,2 dólares a tonelada no fim de 2014 para 56,30 dólares nesta quinta-feira, segundo o índice do mercado à vista na China.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Usiminas ficou negativo em 755 milhões de reais, ante resultado positivo de 538 milhões no segundo trimestre do ano passado, também afetado pela baixa contábil. Em termos ajustados, o Ebitda foi de 227 milhões de reais no segundo trimestre, queda anual de quase 59 por cento.
A receita líquida somou 2,7 bilhões de reais, queda de 13 por cento ano contra ano, sendo que o mercado interno representou 76 por cento do total, diante de uma participação de 88 por cento um ano antes.
A receita foi afetada por uma forte queda de 17,2 por cento do volume de vendas de minério de ferro, para 1,2 milhão de toneladas, e dos preços.
"Embora tenha havido uma desvalorização cambial média de 7,1 por cento no período, houve queda de 15,5 por cento no preço PLATTS médio do minério de ferro", disse a empresa.
Também houve baixa do volume de vendas de aço, que somou 1,27 milhão de toneladas, queda de 12,4 por cento na mesma base de comparação. Houve baixa de 23,2 por cento no mercado interno, parcialmente compensada pela alta de 3,1 por cento no preço médio de aço no mercado doméstico e aumento de 181,7 por cento das exportações.
A margem Ebitda ficou negativa em 28,2 por cento, ante indicador positivo de 17,3 por cento na mesma etapa de 2014, enquanto a margem bruta ficou em 3,9 por cento no período, forte queda frente aos 10,8 por cento do segundo trimestre de do ano passado.
A empresa, por outro lado, melhorou seu resultado financeiro principalmente em função da valorização do real frente ao dólar. O resultado financeiro ficou negativo em 40,6 milhões de reais no trimestre, diante de 58,5 milhões de reais negativos um ano antes.
A Usiminas terminou o trimestre passado com dívida líquida de 4,7 bilhões de reais e a relação dívida líquida sobre Ebitda aumentou para 3,7 vezes ante 1,7 vez no final de junho do ano passado.
Diante o salto na alavancagem, a empresa afirmou que conseguiu no final de junho aceitação de credores para descumprir métricas de endividamento previamente acordadas.