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Usiminas retoma lucro e firma aposta no mercado interno

Lucro no terceiro trimestre de R$ 115 milhões reverteu prejuízo de R$ 22 milhões do segundo e o resultado negativo de R$ 125 milhões de 2012


	Linha de produção da Usiminas: companhia vendeu no país 92,9 por cento de sua produção de aço entre julho e setembro
 (Domingos Peixoto/EXAME)

Linha de produção da Usiminas: companhia vendeu no país 92,9 por cento de sua produção de aço entre julho e setembro (Domingos Peixoto/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2013 às 16h15.

São Paulo - A Usiminas vendeu quase toda sua produção de aço no mercado interno do Brasil no terceiro trimestre, estratégia que será mantida nos próximos meses e que ajudou a companhia a ter o primeiro resultado trimestral positivo desde o final de 2011.

A maior produtora de aços planos do Brasil vendeu no país 92,9 por cento de sua produção de aço entre julho e setembro, período em que aumentou preços para distribuidores e iniciou discussões de reajustes com setores industriais que devem se refletir nos resultados dos três últimos meses do ano.

O lucro líquido de 115 milhões de reais reverteu prejuízo de 22 milhões do segundo trimestre e o resultado negativo de 125 milhões da mesma etapa de 2012. Analistas esperavam, em média ganho de 94 milhões de reais. A ação da empresa era destaque, subindo 3,9 por cento, enquanto o Ibovespa cedia 0,8 por cento, às 16h24.

"Vemos espaço para melhora nos resultados da Usiminas nos próximos trimestres, uma vez que a administração está focada na entrega de melhorias operacionais", disse Rodolfo de Angele, analista de siderurgia e mineração do JPMorgan, em relatório.

O presidente-executivo da Usiminas, Julián Eguren, no cargo desde o começo de 2012, evitou fazer projeções de desempenho para os próximos trimestres, mas citou cenário favorável para a economia brasileira e para a demanda futura por aço no país.

"Se olharmos para todos os investimentos e planos do governo para aceleração do crescimento, para a necessidade de infraestrutura que o Brasil terá, o cenário indica um crescimento da economia e no consumo de aço, por consequência", disse o executivo, em entrevista a jornalistas.

Apesar das vendas totais de aço da companhia terem caído 3 por cento ante o terceiro trimestre de 2012, ficando estáveis ante abril a junho deste ano, a Usiminas elevou o volume vendido no mercado interno em 15 por cento na comparação anual.

"É muito melhor ter um nível menor de vendas totais, mas com mix focado no mercado interno", disse Eguren, adicionando que a proporção de aço vendida no país pode crescer nos próximos meses após o Brasil tomar medidas antidumping contra importações de chapa grossa em outubro.


Chapa grossa é um dos principais produtos da Usiminas, responsável por 23 por cento de suas vendas. O insumo é usado em projetos de infraestrutura como do setor de petróleo e gás.

Eguren disse que a Usiminas mantém a expectativa de vendas de entre 6 milhões e 6,5 milhões de toneladas de aço em 2013, após 6,88 milhões em 2012. No acumulado até setembro, as vendas da empresa somam 4,73 milhões de toneladas, para uma capacidade nominal de produção de cerca 9,5 milhões de toneladas.

A Usiminas fechou setembro com dívida líquida de 3,5 bilhões de reais, ante 4,13 bilhões um ano antes. O caixa da empresa no período caiu 16 por cento, a 3,99 bilhões de reais, com a relação dívida líquida sobre Ebitda atingindo 2,3 vezes.

Parte da queda no caixa se deve à antecipação de pagamento de dívidas, que será mantida nos próximos trimestres para reduzir custos financeiros, disse o vice-presidente financeiro Ronald Seckelmann. Ele disse que a empresa não deve acessar mercados internacionais de dívida nos próximos 12 a 18 meses.

Melhora de Mix e Preços

Eguren evitou previsões detalhadas para o próximo ano, afirmando que a empresa está trabalhando no orçamento. Por enquanto, a expectativa da companhia em termos de investimento é valor próximo dos 1,2 bilhão de reais previstos para 2013.

Além da expectativa de crescimento econômico para 2014, a Usiminas espera melhora no mix de produtos, com maior valor agregado, após acordo de venda de aço acertado com a Fiat. A montadora deve iniciar a operação de sua segunda fábrica de carros no Brasil em Pernambuco no próximo ano e a Usiminas será a fornecedora da unidade.

Eguren também afirmou que a Usiminas fechou acordo de exclusividade no fornecimento de aço para a chinesa JAC Motors, que deve começar a produzir veículos na Bahia em 2015.


O vice-presidente comercial, Sergio Leite, disse que a empresa deve fechar no fim de novembro conversas para reajuste de preços do aço vendido a montadoras do país e que os novos preços entrarão em vigor em janeiro. Ele, porém, disse apenas que a expectativa da empresa para o reajuste é "positiva".

No início do mês, o Goldman Sachs previu alta de 10 por cento nos preços de aço vendido às montadoras.

Quanto aos reajustes aplicados a distribuidores em agosto e discutidos com outros setores industriais em setembro, Leite disse que "não há risco" dos aumentos serem revertidos, já que os preços domésticos estão 5 a 10 por cento mais altos que os do no exterior, uma "faixa de equilíbrio" contra importações.

Mineração

Um dos destaques do resultado trimestral da Usiminas foi a área de mineração, que vendeu o insumo até para a rival CSN, disse Eguren. As vendas de minério da Usiminas dispararam 60 por cento sobre um ano antes e 34 por cento sobre o segundo trimestre, a 1,83 milhão de toneladas, recorde.

Segundo o diretor da área, Wilfred Bruijn, o plano de aumento da capacidade de produção para 12 milhões de toneladas está em fase de conclusão. Mas as vendas seguem limitadas por problemas logísticos, incluindo atraso na entrada em operação do Porto Sudeste.

O controle do porto foi vendido pelo empresário Eike Batista para a trading europeia Trafigura e para o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, neste mês.

Segundo o vice-presidente financeiro da Usiminas, a empresa espera a conclusão da venda para discutir com os novos controladores a forma de pagamento da indenização pelo atraso na entrada em operação do porto. Ele não deu detalhes sobre o valor devido à Usiminas.

A expectativa é que o Porto do Sudeste entre em operação na segunda metade de 2014. Até lá, a Usiminas seguirá participando de leilões de espaço de embarque de minério em portos de Itaguaí (RJ), operados por CSN e Vale, além de tentar escoar vendas para o mercado interno. (Por Alberto Alerigi Jr)

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