Sala de aula: Estácio elevou a sua aposta no mercado paulista com aquisição da Uniseb (Arquivo/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2013 às 17h00.
Rio de Janeiro - A união entre Kroton e Anhanguera mudou o jogo do mercado e pressionou a Estácio a comprar a Uniseb, no maior negócio de sua história, mas a operação foi considerada cara e pressiona suas ações a uma queda de mais de 3 por cento nesta quinta-feira.
"No momento em que há este anúncio da parte deles (Anhanguera e Kroton), não apenas a Estácio, mas outros potenciais players, principalmente no ensino à distância, começam a pensar no futuro deste segmento", disse o presidente-executivo da Estácio, Rogério Melzi, em teleconferência nesta quinta-feira.
A Estácio anunciou a aquisição da Uniseb por 615,3 milhões de reais em dinheiro e em ações na quinta-feira, cinco meses após a união entre Kroton e Anhanguera, que criou um grupo de 13 bilhão de reais.
A aquisição foi avaliada em 13 vezes o múltiplo EV/Ebitda, e a Kroton pagou pela Unopar a um múltiplo de 10 vezes o EV/Ebitda, segundo relatório do Bank of America Merril Lynch. O múltiplo da Estácio é de 17 vezes o EV/Ebitda.
"Apesar de um múltiplo menor do que o da Estácio, a Uniseb parece cara, mas tem potencial de sinergias significativo e oportunidades de crescimento", disse o banco.
O preço por aluno à distância pago no negócio, de 17 mil reais, também é maior do que o atribuído à Kroton, na Unopar, de 8,4 mil, e na Uniasselvi, de 5,7 mil reais.
Às 16h19 (horário de Brasília), as ações da Estácio caíam 4,34 por cento, a 17,43 reais, enquanto o Ibovespa, do qual a companhia não faz parte, subia 0,91 por cento.
Atuação em São Paulo
Com a Uniseb, a Estácio sela sua entrada no Estado de São Paulo e reforça sua participação no segmento de ensino à distância.
Considerando os resultados de Estácio e Uniseb em 2012, o lucro líquido das empresas combinadas teria sido de 139 milhões de reais, cerca de 40 por cento superior ao resultado apenas da Estácio no ano passado, disse Melzi.
Com a Uniseb, o número de polos de ensino à distância da Estácio após a aquisição chegará a 369, considerando os que aguardam autorização para operar, sendo 57 no estado de São Paulo. Atualmente, a Estácio possui 52 polos no segmento.
Os executivos da companhia destacaram o potencial de crescimento, com a possibilidade de abertura de novos polos e a expectativa de mais alunos. Em média, cada polo da Estácio tem 1.130 alunos, enquanto na Uniseb este número é de apenas 300.
A expectativa do mercado de que o governo federal possa, em breve, autorizar o uso do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o ensino à distância deve ajudar a impulsionar este avanço.
"Se isso acontecer, e houver uma explosão no ensino à distância, é claro que nós estamos muito bem posicionados", disse Melzi, mencionando também a possibilidade de abertura de mais cursos.
Ter uma participação mais ativa no estado de São Paulo é um desejo antigo da Estácio, que viu na Uniseb, que tem sede em Ribeirão Preto, uma porta de entrada para uma região que considera fundamental para o seu futuro.
"A Uniseb nos coloca em São Paulo. A gente sempre foi muito aberto com o desejo de entrar em São Paulo para valer. São Paulo é um estado fundamental. Isoladamente, é maior do que muitos países por aí", afirmou o presidente.
A Uniseb possui 8 polos ativos na capital paulistana, com uma média de 65 alunos, ao passo em que a Estácio possui 17 polos no Rio de Janeiro, com 250 estudantes, em média.
Mudanças na Estrutura Acionária
Com a conclusão do negócio, a participação da GP Investments na Estácio vai cair de 12,3 por cento para 11,6 por cento. E a família Zaher, controladora da Uniseb, passará a ter 5,7 por cento da companhia.
Além disso, conforme anunciado na quinta-feira, o fundador e controlador da Uniseb, Chaim Zaher, será indicado para integrar o Conselho de Administração da Estácio após a conclusão da operação.