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União BHP e Rio eleva competição com Vale no longo prazo

Rio de Janeiro - A Vale deve enfrentar maior competição no longo prazo depois que a BHP e a Rio Tinto confirmaram, no final de semana, uma joint venture operacional que pode levar a projetos mais ambiciosos e de custos menores, beneficados pela sinergia entre as duas companhias. Segundo analistas no Brasil, a parceria entre […]

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2011 às 14h49.

Rio de Janeiro - A Vale deve enfrentar maior competição no longo prazo depois que a BHP e a Rio Tinto confirmaram, no final de semana, uma joint venture operacional que pode levar a projetos mais ambiciosos e de custos menores, beneficados pela sinergia entre as duas companhias.

"No curto prazo não deve afetar muito, porque a joint venture deve ser concluída só no ano que vem, mas no longo prazo você cria um poder de barganha muito maior", avaliou Alexandre Miguel, analista do Itaú.

Ele lembrou que em relação aos clientes asiáticos --os maiores demandantes da matéria-prima do aço--, as empresas australianas já ganham vantagem sobre a Vale por causa do frete, e agora terão a seu favor também a sinergia para realizar projetos de expansão a custos mais baixos.

A BHP e a Rio Tinto anunciaram no sábado a concretização de uma joint venture que pode economizar pelo menos 10 bilhões de dólares por ano em custos operacionais e de capital.

Alvo ainda de avaliações sobre concentração de mercado, a parceria formaria uma empresa com capacidade de produção de 350 milhões de toneladas, superando a capacidade atual de cerca de 300 milhões de toneladas da Vale.

"É uma forma de ganhar corpo nas negociações com os clientes para o preço do minério, que começam agora", destacou o analista da corretora SLW Pedro Galdi. "Não sei como a Vale vai se comportar, mas já vem investindo pesado para aumentar rapidamente a produção e não deve ser muito afetada", completou.

Prevendo a volta da demanda de mercados afetados pela crise em 2008/2009, como União Europeia e Japão, Galdi estima que a Vale terá a vantagem de já ter projetos em andamento.


Para a analista Cristiane Viana, da Ágora, ainda é cedo para avaliar o impacto na mineradora brasileira.

"Vai depender do processo de crescimento que será adotado pela joint venture, a estratégia... mesmo juntas elas podem ser menores do que os planos da Vale, que projeta 450 milhões de toneladas para 2014", observou.

PREÇOS

No quesito preço, porém, depois de passar 2009 tentando fechar sem sucesso acordos de longo prazo com as principais siderúrgicas chinesas, o fortalecimento das duas companhias pode beneficiar o setor como um todo.

Nas sondagens iniciais, mineradoras querem aumento entre 30 e 35 por cento para o minério de ferro, e as siderúrgicas chinesas falam em alta de 10 por cento, depois de terem desconto em torno de 30 por cento este ano.

"Por esses números, o mercado está falando em algo em torno de 20 por cento de aumento, mas ainda não dá para prever", explicou Galdi, que trabalha no momento com alta de 8 por cento para o minério de ferro em 2010, mas já prevê revisão até o final deste ano para cima, como a maioria dos analistas.

Ele estima que a China novamente será o centro da discussão, mas que ao contrário de 2009 a tendência é que o gigante asiático concorde de alguma maneira com contratos de longo prazo.

"Mas devem fazer um misto, juntando longo prazo e 'spot', ou mudar para semestral em vez de anual... este ano eles não se deram bem ao ficar no 'spot'", lembrou Galdi.

Com a resistência aos contratos de longo prazo baseados no benchmark este ano --reduzido em cerca de 30 por cento--, mas com demanda aquecida, siderúrgicas chinesas tiveram que recorrer ao mercado à vista pagando mais do que se tiverssem aceito o preço de referência de mercado fechado na Europa e Japão.

As ações da Vale operavam em alta de 0,29 por cento, às 12h13, enquanto o Ibovespa subia 0,58 por cento.

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