Olivier Smadja, fundador da Human Robotics: "Alguns robôs já são capazes de reconhecer vozes, rostos e emoções" (Human Robotics/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 16h13.
Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 16h23.
Num supermercado do Rio de Janeiro, o cliente se aproxima de um robô móvel e fala que procura por queijo ralado. Na mesma hora, a máquina começa a guiar a pessoa ao corredor de massas, onde se encontra o produto desejado.
A experiência, gravada no início do ano no supermercado Supermarket, na Barra da Tijuca, foi parar no TikTok, e o vídeo viralizou. Já foram mais de 3,2 milhões de visualizações no atendimento simpático do robozinho.
O varejista, porém, é só um dos clientes da Human Robotics, empresa responsável pelo robô-atendente. Criada por um francês no Paraná, o negócio faturou R$ 1,2 milhão no ano passado e deve fechar esse ano batendo a casa dos R$ 4,8 milhões em receita.
“Eu trabalhava com engenharia de computação na França, numa empresa que ganhou uma licitação para desenvolver um trabalho em São Paulo”, diz o fundador da Human Robotics, Olivier Smadja. “Nisso eu vim para cá, encontrei minha esposa, saí da empresa em que estava e decidi fazer um negócio meu, com algo que eu sabia fazer”.
Pois Smadja sabia fazer robôs. Foi assim que desenvolveu a Human Robotics.
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A primeira ideia de Smadja foi fazer robôs que pudessem cuidar de crianças e de pessoas idosas. “Meus pais estão na França, eu sabia que algum momento teria de cuidar deles em casa”, afirma. “O robô é um acompanhante que iria lembrar de tomar remédio, fazer exercício”.
Ele desenvolveu, então, o maquinário e a inteligência por dentro do robô — ou seja, o seu software. E deu um nome a ele: Robios Go.
Em um corpo robótico de 1,30 metro de altura ou em um tablet, o robô foi projetado para interagir com humanos de forma autônoma e humanizada.
“Alguns desses robôs já são capazes de reconhecer vozes, rostos e emoções, interpretar padrões de gestos e falas”, diz Smadja. “Estas máquinas estão se tornando parte da vida cotidiana, sendo usadas para fazer tarefas operacionais em hospitais, como colegas de trabalho, para atender ao público, entre outras funções”.
Hoje, o robô faz bem mais do que relembrar alguém que está na hora de tomar remédio. Pelo modelo de negócio atual, Smadja entendeu que os principais clientes seriam indústrias e varejistas que poderiam automatizar parte do atendimento, como é o caso dos supermercadistas.
“Já colocamos robôs assim em supermercado, shopping, showroom de empresa”, diz.
Desde novembro de 2017, quando o negócio surgiu, até agora, a tecnologia vem evoluindo. Em 2022, criaram um outro robô focado na indústria para automatizar o transporte. “Qualquer empresa que tem pessoas carregando objetos, pode automatizar”, afirma o empresário. “O robô vai poder levar o objeto pela fábrica de maneira inteligente e automatizada”.
A fábrica que dá vida aos robôs fica no Tecnoparque da PUC do Paraná. Dali, é fabricado tudo que é preciso para as máquinas existirem.
Desde a fundação da empresa, já fabricaram 57 robôs. Cada um custa, em média, R$ 70 mil a R$ 80 mil.
No início, o modelo de negócio da empresa foi apoiado na venda desses robôs para os clientes, mas, para 2024, estão mudando a maneira como a receita entra no caixa da empresa. A ideia, agora, será alugar esses robôs. Poderão ser aluguéis fixos, no caso de empresas que precisam usá-lo diariamente, ou temporários, para eventos de curta duração, por exemplo.
Para o futuro, querem aumentar a linha com novos produtos. Mas fazendo tudo isso no Brasil. “É importante para nós fabricar e produzir no Brasil”, diz Smadja. “É uma maneira de deixar o robô competitivo”.
O Brasil aparece entre os 20 países com maior estimativa de receita com a venda de robôs. Em 2016, esse mercado movimentou US$ 225 milhões no país e espera-se que o valor ultrapasse a marca de US$ 390 milhões em 2027.
A nível global, as projeções são de que o mercado de robótica cresça de US$ 25 bilhões em 2021 para até US$ 260 bilhões em 2030, conforme o levantamento da consultoria BCG (Boston Consulting Group).
Com esses números no radar, a Human Robotics, claro, mira o crescimento de suas operações. Estrategicamente, está no radar da empresa:
Além de tudo isso, há também uma pitada de sorte, como quando um outro robô — o de algoritmos — viraliza o produto nas redes sociais.