Verificação digital da Uber: uso de máscara será obrigatório e medidas valem também para o Brasil (Uber/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 13 de maio de 2020 às 14h42.
Última atualização em 13 de maio de 2020 às 16h44.
A empresa de transporte por aplicativo Uber anunciou que passará a fazer um teste eletrônico antes das viagens para verificar se motoristas estão usando máscaras. A nova funcionalidade passa a valer na próxima segunda-feira, 18.
As máscaras também passarão a ser obrigatórias para motoristas e passageiros. A medida foi estabelecida diante da pandemia do novo coronavírus, com cidades começando a reabrir em todo o mundo após períodos de quarentena restrita.
O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa internacional na tarde desta quarta-feira, 13. Segundo os executivos da empresa, testes das novas medidas de segurança vêm sendo feitos nos últimos dois meses.
Os motoristas precisarão tirar uma foto com a máscara antes de começar o dia de trabalho e aceitar viagens. Caso não estejam usando a proteção, o sistema os bloqueia automaticamente até que a máscara seja reconhecida na imagem. O processo dura segundos, de acordo com demonstração feita pela empresa.
Pelo lado dos passageiros, não haverá um teste de imagem que comprove o uso das máscaras. Uma mensagem lembrando a obrigatoriedade será exibida antes de cada viagem.
Sanchin Kansal, diretor de produtos da Uber e responsável pelas novas funcionalidades, disse que uma verificação automática como a dos motoristas não estará disponível para os passageiros porque, a princípio, a tecnologia já existente no app dos motoristas possibilitou à Uber desenvolver mais rapidamente a ferramenta para os condutores.
"Queríamos lançar o mais rápido possível e essa é uma das razões [para ser primeiro para os motoristas]", disse o executivo. Sobre implementar algo parecido para os usuários, Kansal disse que "com certeza é algo que estamos olhando".
Ao concordar com os termos de uso, os motoristas também precisam marcar opções na tela garantindo que limparam o carro de acordo com as recomendações, que não estão doentes e que estão lavando as mãos com frequência.
No UberX, modalidade mais barata de corrida individual, passam a ser aceitos somente três passageiros por viagem -- a recomendação é que o banco da frente não seja usado. O Uber Juntos, que permite compartilhamento de viagens, seguirá desativado.
"A partir de segunda-feira, na próxima vez que vocês abrirem o aplicativo, as coisas vão parecer um pouco diferentes", disse o presidente Dara Khosrowshahi, presente na coletiva sobre as novas funcionalidades. Khosrowshahi disse que "muitos conseguem lembrar da primeira viagem de Uber" que fizeram, e que, com as novas ferramentas, os usuários talvez se sintam em "uma segunda primeira viagem".
A obrigatoriedade no uso de máscaras inclui também entregadores do Uber Eats, braço de entrega de refeições. A Uber diz também que reforçou as recomendações de higiene junto aos restaurantes parceiros.
A empresa vem enfrentando o desafio da redução na demanda por viagens em meio ao coronavírus. A Uber demitiu neste mês 3.700 funcionários diante da crise. Parte dos impactos na operação veio já nos números do primeiro trimestre, quando a empresa reportou prejuízo de 2,9 bilhões de dólares. A área de transporte por aplicativo teve queda de 18% na receita. O faturamento geral subiu 14% entre janeiro e março, mas impulsionado sobretudo pelo Uber Eats.
Em meio à queda na demanda por viagens, a Uber também anunciou nesta semana no Brasil uma modalidade de entrega de itens pessoais, batizada de Uber Flash. Motoristas, em vez de transportar somente passageiros, poderão aceitar corridas de entregas de objetos. Modelo semelhante já havia sido anunciado pela concorrente espanhola Cabify no Brasil.
Outras ferramentas foram incluídas na plataforma da Uber e também estarão disponíveis na semana que vem. Como tanto motoristas quanto usuários são obrigados a usar máscaras, as duas partes passam a ter opções no aplicativo para reclamar caso alguém não esteja usando a proteção.
Os motoristas podem se recusar, por meio de um cancelamento justificado, a levar usuários sem máscaras. Usuários ou motoristas que receberem reclamações por não usarem a proteção também receberão mensagem da Uber, segundo a empresa. No limite, usuários que receberem muitas reclamações por falta de uso de máscara ou por tirarem a proteção durante a viagem podem ser expulsos da plataforma.
Para os motoristas, a Uber afirmou que está fazendo um esforço global para distribuir máscaras e álcool em gel, para uso próprio e para oferecimento aos passageiros. Foram 50 milhões de dólares investidos na compra de mais de 20 milhões de máscaras e outros itens de proteção que estão sendo distribuídos. A empresa anunciou também que fará parceria com a gigante global de bens de consumo Unilever e outras empresas para comprar os itens de limpeza e proteção.
As novas opções do aplicativo vão incluir vídeos sobre o uso correto de máscara e limpeza do carro para os motoristas, que a Uber desenvolveu com base em parceria com a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
Questionada pela EXAME sobre o caso específico do Brasil, a empresa confirmou que as medidas anunciadas internacionalmente passam a valer também para a operação no país -- segundo informações divulgadas em 2019, o Brasil era até então o segundo maior mercado da empresa no mundo, atrás dos Estados Unidos. A Uber tem mais de 600.000 motoristas no Brasil e 22 milhões de usuários em mais de 100 cidades.
As novas medidas valem também para países como Estados Unidos, Canadá, parte da Europa e outros mercados.
"O que vocês viram hoje foi a gente se preparando para um novo normal", disse Kansal. "À medida que as pessoas começarem a ir ao trabalho, elas terão expectativas muito mais altas para nós e para outros provedores de serviços."
O executivo afirmou que, com as medidas, a Uber não está encorajando as pessoas a saírem e que incluiu mensagens antes das corridas para reforçar que os usuários só devem sair de casa se necessário. "De forma alguma isso [as novas funcionalidades] significa que estamos encorajando as pessoas a saírem. E quando elas estiverem prontas para isso, queremos estar prontos para elas", disse Kansal.