Empresa entrou em declínio contínuo, à medida que seu modelo de vendas, baseado em revendedores independentes e "festas Tupperware". (Agence France-Presse/AFP)
Redator na Exame
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 06h03.
A tradicional marca americana Tupperware, conhecida por suas soluções de armazenamento de alimentos, entrou oficialmente com pedido de falência, colocando em risco o futuro de seus produtos e o nome da marca. A Tupperware apresentou o pedido de proteção contra falência sob o Capítulo 11 na última terça-feira, 18, em Wilmington, Delaware, nos Estados Unidos, com o plano de continuar operando enquanto tenta vender seus ativos. No entanto, credores que detêm cerca de US$ 800 milhões (R$ 4,3 bilhões) em dívidas da empresa estão travando uma batalha judicial por esses ativos, com destaque para a valiosa marca Tupperware.
De acordo com a Bloomberg, o destino da empresa se encontra em meio a um intenso debate entre os credores e os novos investidores, incluindo Stonehill Institutional Partners e Alden Global Capital, que estão pressionando para que a marca e os demais ativos sejam executados e vendidos em vez de permitir que a Tupperware reestruture suas dívidas. Essa reestruturação é considerada essencial pela empresa para garantir a continuidade das operações durante o processo de falência.
Segundo Brian J. Fox, diretor de reestruturação da empresa, os problemas financeiros da Tupperware não são novidade. Ao longo da última década, a receita da empresa entrou em declínio contínuo, à medida que seu modelo de vendas, baseado em revendedores independentes e "festas Tupperware", perdeu espaço para a concorrência de produtos mais baratos vendidos online. Apesar de um aumento temporário nas vendas durante a pandemia, quando as pessoas estavam mais em casa e cozinhando com maior frequência, a recuperação foi breve, culminando no pedido de falência.
Em 2022, as vendas diretas representavam a maior parte dos negócios da Tupperware, com uma rede de mais de 465 mil vendedores independentes. No entanto, os consumidores passaram a optar por alternativas mais baratas e práticas, comprando diretamente de plataformas como Amazon e Walmart. A popularidade dos produtos reutilizáveis e de embalagens mais sustentáveis também contribuíram para o declínio nas vendas dos produtos plásticos da empresa.
A situação da Tupperware se agravou quando novos investidores compraram a maior parte dos empréstimos seniores da empresa por valores muito abaixo do preço nominal, em uma tentativa de lucrar com a crise da companhia. Esses credores estão dispostos a emprestar mais dinheiro, mas com condições rigorosas, o que levou a empresa a buscar proteção judicial. No entanto, há uma forte resistência por parte dos credores, que preferem uma liquidação rápida, onde teriam a oportunidade de ficar com os principais ativos da empresa, incluindo o famoso nome Tupperware.
Nas semanas que antecederam a falência, a Tupperware e seus credores trocaram correspondências acaloradas, com a empresa afirmando que uma liquidação prejudicaria os credores de menor grau, que não teriam a chance de reivindicar parte do valor devido. Ainda assim, diante da pressão, a Tupperware optou por declarar falência, ignorando as ameaças dos credores de contestar qualquer plano de reorganização sob o Capítulo 11.
Fundada em 1946 por Earl Tupper, a Tupperware revolucionou o mercado com seus recipientes plásticos com vedação hermética, dominando o mercado de utensílios domésticos por décadas. No entanto, à medida que as festas de vendas e o modelo de revenda independente perderam popularidade, a empresa não conseguiu se reinventar de forma eficaz.
Em documentos recentes apresentados ao tribunal, foi revelado que a melhor oferta para comprar a Tupperware cobriria menos de 20% dos US$ 800 milhões (R$ 4,3 bilhões) de dívida da empresa. O processo de falência, de acordo com a presidente e CEO Laurie