Graça Foster: imagem desgastada com a crise da companhia que ela comandou nos últimos anos (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Tatiana Vaz
Publicado em 4 de fevereiro de 2015 às 15h31.
São Paulo – A Petrobras confirmou a renúncia de Graça Foster e outros cinco diretores do comando da empresa.
Na sexta-feira o Conselho de Administração da companhia se reunirá para decidir quem ocupará o cargo daqui para frente.
Nomes de mercado, como o do ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, e o do ex-presidente da Vale, Roger Agnelli, estão na lista dos mais cotados.
De qualquer forma, a troca já foi bem recebida pelo mercado. Tanto que as ações da empresa já subiram quase 30% só nesta semana.
A recuperação se dá, principalmente, pela mudança ser encarada como uma nova postura da Petrobras frente aos seus desafios.
“A troca da presidência e parte da diretoria mostra a preocupação da companhia em manter uma governança séria e respeitada pelo mercado”, afirma Bruno Piagentini, analista da Coinvalores.
Um novo comando seria um sinal de que outras modificações estão por vir, acredita o analista.
“O valor patrimonial da empresa é bem maior do que o negociado hoje, por isso o mercado responde de maneira positiva e imediata”, diz ele.
Sem máscara
Para André Perfeito, economista chefe da Gradual, a Petrobras tem hoje três desafios principais: redirecionar investimentos, se descolar estrategicamente do governo e combater a corrupção.
“Nas mãos de Graça, a empresa caminhava para essas direções, a reavaliação dos aportes em ativos e o ajuste de preço da gasolina mostravam isso”, afirma o economista.
As decisões seriam, na opinião de Perfeito, uma maneira do governo mostrar ao mercado que a empresa não seria mais usada como motivadora do crescimento da economia do país.
Entretanto, os anos de empresa e o currículo técnico impecável de Graça não foram suficientes para separar sua identidade da crise de imagem da empresa. Ambas estavam desgastadas.
Nas mãos de outro presidente, acredita Perfeito, a Petrobras poderá realçar com mais facilidade seus feitos operacionais em meio ao escândalo de corrupção pelo qual está passando.
“Um líder que vira máscara de Carnaval não pode mais ser levado a sério”, diz ele.
A mudança por si só não fará com que a Petrobras saia ilesa de uma avaliação mais estrutural de longo prazo, acredita Adriano Gomes, professor da ESPM e sócio da Méthode Consultoria.
“Passada a euforia com a notícia, o mercado deve analisar a parte estratégica da Petrobras que tem, por exemplo, apresentado custos de exploração e venda quase que similares e precisa rever isso com urgência”, diz ele.
Quanto o novo comando trará de vantagens ou não para a companhia – e economia brasileira, por consequência - de fato só o tempo dirá.