Toyota pode perder o posto de maior montadora no mundo com seus problemas de restruturação (Yoshikazu Tsuno/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2011 às 11h20.
Tóquio - A Toyota Motor previu uma queda de 35 por cento no lucro anual, acima do esperado, e alertou que o iene valorizado está tornando mais difícil para a empresa justificar uma manutenção de produção no Japão.
A Toyota tem tentado restaurar a produção depois do terremoto de magnitude 9,0 ocorrido em março que devastou o nordeste do Japão e forçou montadoras do país a reduzir atividades. O desastre nuclear e os problemas de energia que se seguiram à tragédia reforçam a lista de dificuldades.
Com a interrupção, a Toyota provavelmente vai perder o posto de maior montadora do mundo.
"Esta é provavelmente mais uma estimativa conservadora da Toyota, mas a empresa está prevendo um prejuízo no primeiro semestre fiscal, então podemos ver o quão sério é o estrago que foi causado pelo terremoto", afirmou o gestor de portfólio, Koichi Ogawa, na Daiwa SB Investments, em Tóquio.
A Toyota reiterou plano de restaurar produção em níveis anteriores ao tremor até novembro, apoiada por uma recuperação na cadeia de suprimento de autopeças, e expressou confiança de que poderá recuperar participação de mercado perdida após o terremoto.
"Assim que nossa cadeia de suprimentos voltar ao normal, poderemos competir sem problemas", disse o vice-presidente financeiro da Toyota, Satoshi Ozawa, em entrevista em Tóquio.
Mas o executivo alertou que a Toyota está sendo afetada pelo fortalecimento do iene e pediu para o governo japonês tomar medidas para conter a moeda do país.
Esta semana, o iene atingiu maior pico em um mês contra o dólar e agora está 5 por cento acima do nível de 85 ienes por dólar que a Toyota considera como ponto de equilíbrio para obtenção de lucro com produção no Japão.
A companhia informou que espera que o lucro operacional caia 35 por cento, para 300 bilhões de ienes (3,7 bilhões de dólares), no ano fiscal que se encerra em março de 2012, abaixo da expectativa média do mercado de 434 bilhões de ienes. A previsão incorpora impacto negativo de 100 bilhões de ienes como resultado da força do iene.
A valorização da moeda japonesa tem feito a montadora questionar os motivos do compromisso da companhia de produzir pelo menos 3 milhões de carros no Japão por ano. Ozawa disse que é possível que o presidente da Toyota, Akio Toyoda, repense sua posição.
"Estamos em uma situação em que está ficando impossível para a indústria do Japão fazer negócios", disse Ozawa. "Nosso presidente afirmou que nunca iria querer ver a manufatura do Japão perdendo posição, mas ele também afirmou recentemente que não pode responder quando alguém fez um comentário defendendo que a produção da Toyota não deveria ser feita apenas no Japão."