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Toyota investe R$ 1,1 bilhão em gestão de frota e vai brigar com locadoras

A montadora, em parceria com a gigante japonesa Mitsui, vai entrar pesado no negócio de aluguel corporativo

Toyota Yaris: montadora investe pesado para brigar no segmento de frotas corporativas (Toyota/Divulgação)

Toyota Yaris: montadora investe pesado para brigar no segmento de frotas corporativas (Toyota/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 09h44.

A Toyota está dando um importante passo para antecipar o futuro do setor automotivo, em que a venda de veículos já não será o grande negócio das montadoras. Nesta quinta-feira, 12, a companhia japonesa lança oficialmente o Kinto One, serviço de terceirização de frotas corporativas, com um investimento inicial de 1,1 bilhão de reais. O movimento promete balançar as locadoras, que até agora tinham espaço absoluto no segmento.

"Grandes montadoras vêm produzindo e vendendo carros nos últimos 100 anos. Mas no futuro o conceito de mobililidade, com utilização em vez da posse, vai ser ampliado e comprar um veículo não vai ser mais prioridade", afirma Masahiro Inoue, presidente da Toyota e da Kinto para a América Latina e Caribe, em entrevista exclusiva à EXAME.

Hoje, o negócio de gestão de frotas corporativas está basicamente nas mãos de grandes locadoras. No entanto, segundo estimativas de mercado, de 80% a 90% das empresas brasileiras têm frota interna, o que abre um enorme espaço de atuação para novos players.

Neste cenário, a Toyota lança o Kinto One, serviço voltado para empresas que desejam terceirizar sua frota de veículos com condições diferenciadas para as marcas Toyota e Lexus. O serviço faz parte da Kinto, braço de soluções de mobilidade da montadora, resultado de uma joint venture criada no Japão em fevereiro de 2019 com a Toyota Financial Services e o grupo Mitsui.

A Toyota acredita que a pandemia acelerou a busca das empresas por redução de custos. Além da locação, documentação, seguro, telemetria, gestão de multas, manutenção e assistência, o novo serviço oferecerá ferramentas e relatórios para gestão de frota e customização de veículos.

(EXAME Academy/Exame)

"Nosso posicionamento vai além da gestão da frota, vamos nos posicionar como um parceiro de negócios do cliente", afirma Roger Armellini, diretor comercial da Kinto Brasil.

Em princípio, a Kinto vai investir 1,1 bilhão de reais na compra de veículos para  os próximos cinco anos. Todos os modelos das marcas estarão disponíveis e um dos grandes diferenciais, segundo a Toyota, é que não há exigência mínima de unidades contratadas. Outro destaque é que haverá condições especiais para a contratação de frota de carros híbridos.

A Toyota estima que a redução média de custos na contratação do Kinto One é de 30% em relação à frota própria. "Algumas empresas podem ganhar até 50% de redução de custos", afirma Inoue.

Ele conta que a Kinto já opera em uma fase de "pré-testes", com cerca de 33 clientes corporativos e 300 veículos locados. Um deles é uma mineradora, que contratou o serviço de 100 unidades da picape média Hilux. "Não há mínimo de locação, podemos atender qualquer tipo de empresa. Mas principalmente pequenas e médias são clientes potenciais." 

Shingo Sato, presidente da Mitsui Brasil, relata que a empresa tem uma joint venture em terceirização de frotas de caminhões nos Estados Unidos e que este negócio é uma tendência global. "Com a pandemia, muitas empresas perceberam que é possível reduzir custos com aluguel de frotas. É só entrar no veículo e dirigir."

Competidores

A Toyota está entrando em um mercado dominado pelas locadoras no Brasil. Mas na visão do presidente da montadora, daqui para frente até as empresas de tecnologia vão entrar no segmento. "Nós temos a vantagem de oferecer carros com custos mais baixos", diz Inoue.

No entanto, a montadora terá pela frente o desafio de estar posicionada no Brasil como uma marca quase "premium":  isso porque os preços dos veículos da Toyota são mais altos do que os modelos de grande volume de vendas -- exceto pelo Etios. Porém, a companhia segue confiante.

"Nosso market share nas categorias em que atuamos é de quase 40%. Temos um portfólio atraente para públicos específicos", afirma Inoue. Ele cita como exemplo o sedã Corolla e a picape média Hilux, líderes em seus segmentos.

Já a Lexus é líder no mercado de luxo nos Estados Unidos e o executivo acredita que a marca também poderá se destacar no negócio.

O Kinto One deve ter como principais públicos-alvo os setores de agronegócio e mineração, áreas de expertise da Mitsui.  

Fenômeno brasileiro

Inoue acredita que o mercado automotivo brasileiro vai ter um aumento da oferta de serviços de assinatura de carros ao mesmo tempo em que ainda passa pela expansão da frota de veículos, dentro do conceito de motorização. No Japão e em outros mercados maduros, como Estados Unidos, já há uma saturação, sem muito espaço de crescimento.   

"No Brasil, o fenômeno da motorização ainda vai acontecer. A mobilidade vai crescer muito". Recentemente, a Toyota lançou o serviço de compartilhamento de carros para pessoas físicas, o Kinto Share. "O brasileiro gosta de novidades e está sempre disposto a consumir inovações."

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