Presidente-executivo da Toshiba, Satoshi Tsunakawa, disse que a empresa agora busca um acordo com o consórcio o mais rápido possível (Toru Hanai/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de junho de 2017 às 08h44.
Última atualização em 28 de junho de 2017 às 08h51.
Chiba, Japão - A japonesa Toshiba perdeu o prazo que havia determinado para fechar a venda da unidade de chips de memória flash, dizendo que o acordo de 18 bilhões de dólares esbarrou em diferenças de opinião quanto ao consórcio escolhido como favorito na disputa.
O conglomerado está processando seu parceiro na divisão de chips, a Western Digital, por interferir na venda do ativo, um dia após a empresa norte-americana ter reapresentado sua proposta pela unidade. A ação judicial estremece as relações entre as duas companhias e complica ainda mais a perspectiva de acordo.
Em dificuldades para cobrir bilhões de dólares em despesas com a deficitária divisão nuclear Westinghouse, a Toshiba havia se comprometido a assinar um acordo de venda até esta quarta-feira, quando ocorre a reunião anual de acionistas.
A disputa bastante contestada teve um consórcio liderado por investidores do governo japonês e o grupo norte-americano de private equity Bain Capital como favorito, mas a oferta do grupo foi apresentada apenas neste mês.
A proposta foi orquestrada principalmente pelo ministério de Comércio do Japão, que está disposto a manter a tecnologia de semicondutores dentro do país.
O presidente-executivo da Toshiba, Satoshi Tsunakawa, disse que a empresa agora busca um acordo com o consórcio o mais rápido possível e que pretende concluir a transação até o fim do ano financeiro encerrado em março.
"Está levando tempo para minimizar as diferenças de opinião entre os membros do consórcio", disse ele, após desculpar-se por uma série de reviravoltas que incluíram a saída da Toshiba da segunda categoria de listagem da bolsa de Tóquio.
Contudo, parece pouco provável uma conclusão rápida e indolor para o acordo.
A Western Digital, que juntamente com a Toshiba administra a fábrica de semicondutores, alega que seu parceiro está descumprindo contratos de joint venture e busca na justiça norte-americana uma forma de impedir qualquer acordo que não tenha seu consentimento.
Executivos da Toshiba continuaram ventilando uma série de mensagens contraditórias sobre a disposição em resolver a disputa com a Western Digital.
Por um lado, Tsunakawa criticou a Western Digital na reunião de acionistas, dizendo que a parceira estaria interferindo na venda da unidade de chips. Mas ele também disse que japonesa estava preparada a fazer concessões e que esperava solucionar o impasse o mais breve possível.
A Toshiba argumenta que a proposta da Western Digital pela unidade de chips apresenta problemas concorrenciais e que o valor ofertado é muito baixo.
A Western Digital, por sua vez, afirma que a proposta atende ao mínimo de 2 trilhões de ienes (18 bilhões de dólares) exigido pela Toshiba, número que parece compatível com o valor oferecido pelo consórcio preferido na disputa.