São Paulo - Pela primeira vez em três anos, a ThyssenKrupp teve lucro líquido em seu ano fiscal. A siderúrgica alemã atingiu um marco na sua história, que na gestão anterior foi marcada por investimentos equivocados, denúncias de suborno e gastos desmedidos com executivos.
Com receita líquida de 195 milhões de euros e lucro líquido de 210 milhões de euros no ano fiscal de 2013-2014, a empresa conseguiu inclusive distribuir um pequeno dividendo aos acionistas. Esse é o primeiro valor positivo em três anos. No ano anterior, o prejuízo foi de 1,6 bilhão de euros.
“O ano fiscal 2013/2014 representa um marco em nossa situação de ganhos. Nós demonstramos que estamos fazendo progressos com nossa transformação em um grupo industrial eficiente e lucrativo através de nossa estratégia”, disse o presidente Heinrich Hiesinger.
Ele propôs pagar um dividendo de 0,11 euros por ação pelo ano fiscal terminado em setembro como gesto simbólico. “Estamos cientes de que essa proposta não é mais do que um sinal aos nossos acionistas”.
“Ligamos a posição de ThyssenKrupp como um grupo industrial diversificado, com o objetivo de gerar lucros, caixa e valores muito mais fortes e estáveis”, disse ele. Esse é um “marco” na história da empresa, mas o processo de reestruturação ainda não está completo, afirmou, em carta aos acionistas.
Reestruturação
Hiesinger assumiu a previdência em 2011, com a missão de examinar a cultura de gestão, cortar dívidas e voltar a focar em tecnologias menos cíclicas.
O presidente anterior, Gerhard Cromme, deixou o cargo depois de ter sido acusado de envolvimento em escândalos de pagamentos de suborno. Sua administração também foi criticada depois de ter queimado bilhões de euros na construção de duas novas minas de aço nos Estados Unidos e no Brasil que trouxeram prejuízos em 2012.
Hiesinger vem tentando mudar o foco da ThyssenKrupp, para diminuir a dependência do volátil setor de aço para produtos e serviços de maior margem, como elevadores, instalações industriais e peças para automóveis de alto desempenho.
Nos últimos anos, o presidente cortou custos e vendeu negócios não essenciais para reduzir a exposição da companhia à volatilidade do setor siderúrgico. Cortou mais de dois mil postos de trabalho em sua siderurgia na Europa e reestruturou o negócio de elevadores.
No entanto, a empresa enfrentou alguns obstáculos nessa jornada. Foi obrigada a pedir dinheiro aos acionistas em função de suas deterioradas finanças, viu grandes negócios terem sido apenas parcialmente bem sucedidos, e teve que lidar com questões de compliance que surgiram.
Em dezembro do ano passado, anunciou a venda de usina laminadora em Calvert, Alabama, a um consórcio entre ArcelorMittal e Nippon Steel & Sumimoto Metal por 1,55 bilhão de dólares. O valor representou apenas o piso das expectativas sobre o preço da unidade.
Também foi forçada a reassumir a siderúrgica italiana Terni e a unidade de ligas de alto desempenho VDM, partes do negócio de aço inoxidável que havia vendido à finlandesa Outokumpu no ano passado, em troca de uma nota de empréstimo.
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1. Pegou mal
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1/16 (Les and Dave Jacobs/Getty Images)
São Paulo – Grandes mancadas marcaram o ano de 2013 no mundo dos negócios.
Empresas tiveram seus nomes envolvidos em esquemas de corrupção. Outras erraram feio nos negócios e viram os lucros despencarem. Veja, a seguir, 15 grandes tombos dos negócios de 2013:
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2. Eike Batista e a ruína do grupo X
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2/16 (Douglas Engle/Bloomberg News)
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3. Abílio X Jean-Charles
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3/16 (Montagem/EXAME.com)
A troca de farpas entre os arqui-inimigos
Abílio Diniz e
Jean-Charles Naouri está longe do fim, ainda que a disputa oficial pela presidência do
Pão de Açúcar tenha terminado. Em junho,
em entrevista à revista Veja, Abilio afirmou que “Naouri não tem pudor de mentir. Quando vi quem ele realmente era, ficou claro que não podia mais ficar como sócio”.
Em setembro, falou à revista EXAME: “o Pão de Açúcar é meu DNA. O Pão de Açúcar vai comigo aonde eu for”. Em dezembro, Naouri, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo,
discretamente respondeu: “não herdei, e sim, construí minha carreira”.
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4. Petrobras e o reajuste
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4/16 (Bruno Domingos / Reuters)
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5. Jorge Queiroz deu calote
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5/16 (Reprodução/YouTube)
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6. Mason, do Groupon
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6/16 (Brendan McDermid/Reuters)
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7. Larry Ellison faz acusações
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7/16 (Justin Sullivan/Getty Images)
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8. Steinbruch não cumpriu o prometido
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8/16 (Antonio Milena/Veja)
Quando o grupo Itochu gastou 3 bilhões de dólares para comprar parte da mineradora
Namisa, da
CSN, o plano era expandi-la para que, até o fim de 2013, ela comercializasse 38 milhões de toneladas de minério de ferro. O ano chegou ao fim e a Namisa produz hoje apenas um sexto do acordado, porque
Benjamin Steinbruch e o conselho da mineradora que ele preside decidiram não investir. Os japoneses pedem o dinheiro de volta,
mas a CSN já disse que não vai pagar.
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9. Apple decepcionou
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9/16 (Timothy A. Clary/AFP)
A sensação do mercado com os produtos da
Apple lançados este ano era a mesma: já vi isso antes. Com cada vez menos inovações, as vendas continuaram a crescer, mas a um ritmo muito menor que o visto em anos anteriores. A concorrência ganhou espaço e o resultado ficou claro: ao fim do ano fiscal de 2013, fechado em outubro, a Apple registrou queda nos lucros de 11,2%.
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10. Cromme e o suborno
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10/16 (Bloomberg/Getty Images)
Semanas depois de ter sido acusado de envolvimento em escândalos recentes de pagamentos de suborno e gastos excessivos com executivos, o presidente do conselho de administração da ThyssenKrupp, Gerhard Cromme, deixou o cargo. Sua administração também foi criticada por seus acionistas depois de ter queimado bilhões de euros na construção de duas novas minas de aço nos Estados Unidos e no Brasil que trouxeram prejuízos em 2012.
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11. Trump e uma nova crise
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11/16 (Getty Images)
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12. J.C. Penney perdeu US$ 1 bi
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12/16 (Brian Kersey/Getty Images)
Depois de fazer a rede de varejo americana J.C. Penney perder 1 bilhão de dólares em menos de dois anos, Ron Johnson foi demitido em abril deste ano. Algumas de suas medidas que depois se comprovaram suicidas: acabou com os cupons de descontos pelos quais as lojas eram conhecidas e tirou da prateleira marcas queridinhas pelos consumidores. As vendas caíram 25%.
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13. Siemens é investigada
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13/16 (Joerg Koch/Getty Images)
Em maio deste ano, foi descoberto que, entre os anos 2000 e 2008, a
Siemens e a Alston se uniram em cartel para fraudar licitações em obras de metrôs e trens para o estado de São Paulo. A informação veio de dentro da própria Siemens.
Desde 2007, a empresa realiza uma faxina interna, depois que uma investigação na Alemanha descobriu que a Siemens pagou 1,4 bilhão de euros a políticos e funcionários públicos para conseguir obras públicas. Em dezembro,
um alto executivo da empresa admitiu a suspeita de que 7 bilhões haviam sido desviados para o pagamento de propinas.
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14. Brookfield admitiu propina
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14/16 (Germano Lüders)
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15. Lululemon perdeu com recall
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15/16 (Kevork Djansezian/Getty Images)
Em março, a fabricante de roupas de ginástica canadense Lululemon teve de anunciar um recall de 17% de suas peças de roupas em circulação. O motivo: as calças se mostraram transparentes. Suas ações caíram 17,5%. Depois do incidente, uma série de brigas internas e crises de imagens fizeram o
fundador e então presidente da empresa renunciar em dezembro.
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16. Agora, veja 30 grandes investimentos de 2013
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16/16 (Getty Images)