"A caça às bruxas nos situa abaixo de ex-Estados soviéticos em matéria de liberdade de imprensa", estampou o jornal (AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2012 às 09h40.
Londres - O tablóide britânico The Sun denunciou nesta segunda-feira em um editorial uma "caça às bruxas" após a prisão de vários jornalistas por "corrupção", e expressou indignação por vê-los tratados "como integrantes de um grupo criminoso".
"O The Sun não é um pântano que precisa ser higienizado", escreveu Trevor Kavanagh, editor-chefe adjunto do jornal mais vendido do Reino Unido e que pertence ao conglomerado de meios de comunicação do magnata Rupert Murdoch.
"A caça às bruxas nos situa abaixo de ex-Estados soviéticos em matéria de liberdade de imprensa", estampou o editorial em seu título.
No texto, o jornalista responsável se perguntou: "É surpreendente que o Reino Unido tenha caído nove posições, para a 28ª e atrás de ex-países do bloco soviético como Polônia, Estônia e Eslováquia, na classificação mundial sobre a liberdade de imprensa?".
De acordo com o editorial, os jornalistas do The Sun "são tratados como integrantes de um grupo criminoso, algo que em outra época teria provocado a indignação do Parlamento e entre os defensores dos Direitos Humanos e das liberdades públicas".
Cinco funcionários da redação do The Sun foram detidos no sábado no âmbito de uma investigação sobre pagamentos clandestinos supostamente realizados por jornalistas a policiais em troca de informação.
Estas investigações por "corrupção" são realizadas em paralelo com as relativas às interceptações telefônicas clandestinas praticadas por outro tablóide do conglomerado de Murdoch, o News of the World, que fechou em 2011 devido ao escândalo.
A polícia prendeu 17 pessoas pelo escândalo das escutas ilegais, incluindo Rebekah Brooks, ex-diretora do News of the World, e outras 21 pessoas por acusações de "corrupção".
O escândalo das escutas ilegais e suas ramificações já obrigou o grupo Murdoch a indenizar mais de 50 vítimas. De acordo com a polícia, o News of the World interceptou clandestinamente telefones de cerca de 800 pessoas desde o ano 2000, incluindo membros da família real.