Flores de Lolita perfume da The Body Shop do grupo Natura (The Body Shop/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 28 de outubro de 2020 às 08h26.
O mercado de perfumes no Brasil é o segundo mais importante do mundo, mas até agora a The Body Shop, empresa do grupo Natura, não tinha produtos específicos para o país. Este ano, tudo mudou: a empresa lançou três novas linhas exclusivas para o mercado brasileiro, e que tomaram 40% do investimento total da marca. É hora de comprar ações da Natura? Monte a melhor estratégia com os especialistas da EXAME Research.
Ainda que a The Body Shop já atuasse com perfumes e fragrâncias em todo o mundo, não tinha produtos que se encaixassem no gosto e no bolso nas brasileiras. "O Brasil é o segundo maior mercado de fragrâncias do mundo, mas é um segmento especial e específico", diz Karina Meyer diretora de marketing da empresa para o Brasil e América Latina. De acordo com dados da Euromonitor International, empresa de pesquisa, o Brasil tem 13,4% do mercado global de perfumes, e só perde para os Estados Unidos quando o assunto é fragrância.
Uma das características da brasileira é preferir um perfume que dure o dia inteiro na pele. Além disso, o desembolso médio para um perfume é de 120 a 150 reais no Brasil, e a The Body Shop não tinha nenhuma fragrância nessa faixa de preço. Exatamente por ter essas características específicas, o mercado brasileiro é um dos únicos a desenvolver seus próprios produtos na companhia inglesa. Em todo o mundo, o portfólio é desenvolvido a partir da central londrina.
Para marcar presença nessa categoria, a The Body Shop desenvolveu três linhas diferentes de perfumes. "Não dava para só relançar uma linha, mas precisávamos fazer um grande movimento para ganhar representatividade nesse setor", afirma Meyer. As fragrâncias receberam cerca de 40% de todos os investimentos da The Body Shop no Brasil.
A primeira linha é a Flores de Lolita, com perfumes mais românticos com custo de até 100 reais. A marca Lolita também foi reformulada. Ela já fazia parte da Empório Body Store, marca brasileira que foi comprada pela The Body Shop em 2013, quando a empresa inglesa ainda estava no grupo L’Oréal. Até a aquisição, era uma linha focada em cuidados corporais e com campeões de venda como loção e sérum hidratantes. Para se transformar em uma fragrância, a companhia britânica fez algumas mudanças, como retirar os silicones e usar apenas matérias primas vegetais.
Com quatro perfumes, a linha Choices apresenta produtos que podem ser combinados entre si para criar um cheiro mais personalizado. Segundo a diretora, a consumidora brasileira já tem o costume de misturar produtos, sejam eles perfumes, cremes para a pele ou tratamentos para o cabelo. Com ares feministas e ativistas, "é uma linha que incentiva a consumidora a brincar e fazer sua combinação, com poder de escolha também na sua fragrância", diz Meyer. Ao aplicar dois perfumes ou mais, a durabilidade da fragrância também se torna muito maior.
Mesmo que a aquisição da The Body Shop pelo grupo Natura tenha sido concluída em 2017, a nova linha de perfumes chegou apenas agora ao mercado brasileiro porque a britânica tinha outras urgências para resolver no país. Nos últimos anos, ela reformulou sua linha de cuidados corporais e faciais para incluir apenas ingredientes naturais e sem origem animal. A criação das linhas de perfumes foi feita em conjunto da equipe brasileira com o escritório central em Londres, Inglaterra, além de contar com especialistas em perfumes sediados em Nova York, Estados Unidos.
A companhia também contou com a experiência global da The Body Shop e do grupo Natura para tornar esse desenvolvimento mais rápido. Dois perfumes da linha Choices, por exemplo, vêm de produtos que já existem no portfólio do Oriente Médio. Nem tudo funciona para todo o globo. O cheiro de manga é um dos preferidos em todo o mundo, por exemplo. Já no Brasil, a manga é uma fruta bastante comum e o cheiro não agrada tanto assim. No caso dos aromas mais florais, eles são mais amados por aqui, já que são mais raras, e na Europa são mais comuns e, por isso, menos populares.
Os perfumes podem ajudar a empresa a crescer ainda mais. No segundo trimestre do ano, último resultado divulgado, a The Body Shop viu sua receita total crescer 15,5% em reais - nas vendas online, que já representam 27% do total, o aumento foi de 230%. A The Body Shop chegou a receitas de 1,87 bilhões de reais nos seis primeiros meses do ano em todo o mundo, alta de 9% em reais.