The Body Shop: Natura vendeu a marca no ano passado (Leandro Fonseca/ Exame/Site Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de janeiro de 2025 às 14h51.
Última atualização em 3 de janeiro de 2025 às 15h39.
A marca britânica The Body Shop anunciou que vai encerrar suas operações no Brasil até o dia 31 de janeiro. Até lá, os produtos serão vendidos com desconto de até 70% no e-commerce e nas lojas da marca.
"A mensagem de hoje é uma despedida. Com o coração cheio de emoção e gratidão, encerramos uma linda década ao seu lado aqui no Brasil. Juntos, construímos uma história de impacto: lutamos contra testes em animais, celebramos a diversidade, o empoderamento e o amor por todas as formas de beleza. Cada conquista só foi possível porque você esteve conosco, compartilhando nossos valores e propósito", publicou a The Body Shop em sua página no Instagram.
A decisão faz parte de um movimento global da empresa. Com uma recuperação judicial em andamento no Reino Unido, a marca de beleza britânica encerrou em março do ano passado todas as suas operações nos Estados Unidos e anunciou o fechamento de 33 de suas 105 lojas no Canadá.
Fundada em 1976 por Anita Roddick e seu marido Gordon, a empresa ficou famosa por advogar uma forma de capitalismo ético em que os negócios poderiam ganhar dinheiro e fazer o bem ao mesmo tempo. Foi comprada pelo gigante francês de cosméticos L'Oréal em 2006 e posteriormente adquirida por R$ 5,5 bilhões pela Natura em 2017.
No ano passado, a empresa brasileira vendeu a operação para o private equity europeu Aurelius, mas seguiu ao longo de 2024 como master franqueado da marca no Brasil, sendo responsável pela distribuição e licenciamento da marca no país. O contrato terminou no final do ano e não foi renovado.
Segundo uma pessoa ouvida pelo Financial Times envolvida no negócio, "os problemas ficaram evidentes logo no começo, com um desempenho comercial muito pior do que o esperado em plena época de festas de fim de ano", quando a Natura ainda estava no controle da operação.
Parte do problema era que a cadeia, que possuía 2,5 mil lojas em mais de 70 países quando a Aurelius concordou com o acordo, estava presente em mercados demais, alguns dos quais não eram lucrativos.
O negócio no Reino Unido — juntamente com as operações no Canadá e na Austrália — era o mais atraente, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo FT. Mesmo assim, perdeu R$ 444 milhões em 2022, em comparação com um lucro de R$ 62 milhões no ano anterior.
Já com a Aurelius, a The Body Shop pegou uma série de empréstimos que comprometeram alguns dos ativos mais valiosos, incluindo uma grande quantidade de sua propriedade intelectual e imóveis valiosos. Isso significa que, em caso de colapso da marca, a Aurelius poderia ficar com esses bens.
No final de janeiro, a empresa concordou em vender uma parte de seu negócio, incluindo as operações na França e Alemanha. A mudança foi vista como "mais um passo decisivo rumo à implementação de uma forte estratégia de recuperação para a The Body Shop", segundo relato obtido pelo FT.
Desde então, a The Body Shop também entrou com pedido de falência na Alemanha, onde empregava 350 funcionários em 2021.