Elon Musk: CEO da Tesla está confirmado para participar do evento na futura fábrica europeia (Patrick Pleul/Getty Images)
Gabriel Aguiar
Publicado em 8 de outubro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 8 de outubro de 2021 às 06h38.
Acredite: a Tesla prepara um evento para 9 mil pessoas em Gruenheide, na Alemanha, no sábado (9), onde será levantada a primeira fábrica da empresa na Europa. E o próprio CEO, Elon Musk, estará por lá. Mais curioso que reunir tanta gente – mesmo com protocolos para evitar o risco de covid-19 –, é saber que, por enquanto, essa nova estrutura não recebeu aprovação final.
Curioso para saber como os norte-americanos conseguiram levantar a construção? Com uma pitada de ousadia (e com a pré-aprovação das autoridades locais). Essa ferramenta não é exceção, considerando que outras empresas também recebem a mesma colher de chá. Mas existe uma pegadinha no benefício, considerando que, sem confirmação, tudo precisará ser colocado para baixo.
Claro que a confiança da Tesla não é totalmente sem fundamentos: políticos defendem publicamente a instalação da fábrica, que produzirá 500.000 veículos e 50 GWh em capacidade de baterias anualmente (mais que qualquer outra no país). E nem mesmo salários 20% abaixo daquele negociado com sindicatos ou contratar poloneses, pagando menos, parecem pôr em risco a empreitada.
Para a Tesla, a nova fábrica europeia será uma ganha-ganha: além de reduzir os custos de logística para vender os carros no continente, terá acesso aos incentivos fiscais destinados a novas tecnologias. Cerca de 1 bilhão de euros será oferecido pelo governo alemão à aliança de empresas (que incluem os norte-americanos) e mais 1,6 bilhão de euros serão destinados aos projetos futuros.
E, se tudo acontecer como previsto – o que é praticamente um milagre em tempos de pandemia e crise de componentes –, a produção deverá iniciar em julho do próximo ano com o SUV Model Y, que, hoje, é importado da China. Também há burocracias a serem resolvidas, pois o projeto não previa uma unidade para montagem das baterias e isso rendeu 813 objeções junto às autoridades.
Nem mesmo a crise de fornecimento de semicondutores, que freou as estimativas de vendas em todo o mundo, foi capaz de afetar a Tesla, que bateu recordes de vendas pelo segundo período consecutivo: no terceiro trimestre, o fabricante emplacou 241.300 unidades (com 72,3% mais que no mesmo período de 2020). Tanto que a companhia espera vender 1 milhão de unidades neste ano.
Por enquanto, os norte-americanos têm apenas duas fábricas em funcionamento: nos Estados Unidos e na China. Mas essa estrutura deverá dobrar de tamanho já nos próximos meses, com a inauguração das linhas de montagem na Europa e de uma segunda unidade no país de origem. De acordo com analistas, o crescimento iminente foi essencial na negociação com fornecedores de peças.
Só que esse ainda não é um conto de fadas: a Tesla enfrentou acusações de falhas no Autopilot, sistema de pilotagem autônoma oferecido nos carros da marca, e problemas de construção. Também foi alvo de boatos de defeitos nos sistemas de freios das unidades produzidas na Ásia e questões de confiabilidade que resultaram no recall de praticamente todas unidades comercializadas por lá.