BOLSA DE SÃO PAULO: excluindo-se as distorções, as empresas do Ibovespa lucraram 2,18 bilhões de reais a mais no último trimestre em relação ao período anterior / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2017 às 06h50.
Última atualização em 16 de novembro de 2017 às 07h27.
A situação das maiores empresas do país realmente melhorou. É o que ficou comprovado na temporada de balanços do terceiro trimestre, que se encerrou na terça-feira. Juntas, as 56 empresas listadas no Ibovespa quase triplicaram seus lucros, na comparação com o mesmo período do ano passado. O valor passou dos 13,3 bilhões de julho a setembro do ano passado para 38,5 bilhões de reais.
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Mas antes que uma euforia se forme, vamos às distorções. O resultado foi impactado por uma melhora significativa nos resultados das exportadoras de celulose Fibria e Suzano. Ambas conseguiram aproveitar a oferta reduzida da commodity para subir seus preços. Com isso, o lucro da Fibria cresceu 23 vezes, para 743 milhões de reais, e o da Suzano, 15 vezes, para 801 milhões de reais.
Outras duas empresas também tiveram grande impacto no balanço geral: a mineradora Vale e a estatal Petrobras. A Vale teve lucro de 7,14 bilhões de reais no terceiro trimestre, ante 1,84 bilhões no mesmo período do ano passado. A melhora foi atribuída a uma elevação do preço do minério de ferro e à nova política de controle de custos. Já a Petrobras, apesar de voltar ao azul, decepcionou o mercado. O lucro no período foi de 266 milhões de reais (impactado por despesas não recorrentes), ante o prejuízo de 16,5 bilhões do ano passado. A expectativa de analistas era de um lucro de 3,56 bilhões de reais.
Excluindo o resultado das exportadoras de celulose, Petrobras e Vale, o que se tem é uma melhora ainda pequena: o lucro das integrantes do Ibovespa cresceu 2,18 bilhões de reais na comparação trimestral. A situação reflete a melhora ainda lenta e gradual da economia brasileira. Empresas mais dependentes do consumo e do crédito, como a construtora Cyrela e a administradora de shoppings BR Malls, ainda tiveram quedas em seus ganhos (no caso da Cyrela, o resultado final foi um prejuízo).
Com 2018 se aproximando, cresce a esperança dessas empresas e de seus investidores de um ano, enfim, positivo. A instabilidade da bolsa, por sua vez, deve continuar, impactada pelas incertezas do cenário político no país. Balanços saudáveis e índice em alta, como se sabe, nem sempre caminham juntos.