Telefónica: segundo fonte, nenhuma decisão final foi tomada e o Conselho da empresa pode decidir manter a oferta atual (Denis Doyle/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2014 às 16h57.
O conselho da Telefónica pretende discutir a elevação da proposta feita pela GVT, da Vivendi, avaliando a unidade brasileira de banda larga em até 8 bilhões de euros (US$ 10,6 bilhões), segundo uma fonte com conhecimento do assunto.
A oferta revisada poderia ser apresentada à Vivendi nas vésperas da reunião do conselho, em 28 de agosto, e antes de a Telecom Italia formalizar uma oferta concorrente, disse a fonte, que pediu para não ser identificada porque as deliberações são confidenciais.
Um representante da Telefónica, que tem sede em Madri, não quis comentar.
A GVT seria uma fonte de crescimento para os pretendentes, já que a receita com telefonia celular caiu na Espanha e na Itália em meio a uma concorrência intensa.
Se a Telefónica vencer a disputa pela GVT, pode levar a Telecom Italia a vender sua unidade brasileira de telefonia celular, disse Paul Marsch, analista do Berenberg Bank -- uma oportunidade para que a Telefónica reforce mais seu negócio no país.
“Faz muito sentido para a Telefónica forçar isso se eles sentem que permitir que a Telecom Italia se aposse da GVT pode fechar a porta sob o ponto de vista de uma consolidação da telefonia celular brasileira”, disse Marsch. “Isso é, pelo menos parcialmente, o que está em jogo aqui”.
Nenhuma decisão final foi tomada e o conselho da Telefónica pode decidir manter a oferta atual, disse a fonte.
No começo deste mês, o grupo espanhol apresentou uma oferta de 6,7 bilhões de euros, a maior parte em dinheiro, para combinar seus ativos de telefonia no Brasil com a GVT.
A Telecom Italia está preparando uma oferta concorrente avaliada em até 7 bilhões de euros para unir a GVT com a TIM Brasil, disseram na semana passada fontes com conhecimento do assunto.
Discórdia no Brasil
A corrida para comprar a GVT é a última reviravolta de uma discordância entre a Telecom Italia e sua acionista Telefónica a respeito do futuro da divisão brasileira da operadora italiana.
Enquanto o CEO da Telecom Italia, Marco Patuano, é a favor de manter a TIM Brasil e expandir a unidade por meio de uma fusão com a GVT, a Telefónica examina um plano para dissolver a TIM e dividir a empresa entre outras operadoras do Brasil, incluindo a Telefónica, disseram fontes com conhecimento do assunto, em maio.
Em dezembro, as autoridades brasileiras questionaram o papel da Telefónica como maior proprietária da Telecom Italia.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, disse que a Telefónica precisava reduzir sua participação na empresa com sede em Milão e, um dia depois, disse que a operadora espanhola deveria deixar completamente a Telecom Italia se quisesse continuar no controle de sua unidade brasileira, que é a maior operadora de telefonia celular do país.
Como parte de sua proposta pela GVT, a Telefónica ofereceu à Vivendi o direito de comprar uma participação de cerca de 8 por cento na Telecom Italia, o que levaria a participação da Telefónica na companhia para perto de zero.
César Alierta, presidente-executivo da Telefónica, pode se reunir hoje com o presidente da Vivendi, Vincent Bollore, para apresentar a oferta melhorada pela GVT, reportou hoje o jornal Il Sole 24 Ore sem citar nenhuma fonte.
O conselho da Telecom Italia deverá se reunir amanhã para discutir sua oferta pela GVT. A Vivendi reportará seus lucros depois do fechamento do mercado, em 28 de agosto.
A empresa disse em 5 de agosto, depois da oferta inicial da Telefónica, que nenhuma de suas unidades estava à venda, mas que seu conselho estudaria a oferta da Telefónica.
Dinheiro, ações
A proposta da Telefónica veio meses depois que Patuano, da Telecom Italia, expressou interesse na GVT, disseram fontes. A empresa espanhola ofereceu R$ 11,96 bilhões (US$ 5,2 bilhões) em dinheiro, mais ações na unidade brasileira ampliada.
A Telecom Italia está estudando oferecer à Vivendi uma participação de 20 por cento na empresa e uma participação na entidade que combina as unidades brasileiras das duas companhias, disseram fontes.
Uma participação de 20 por cento na Telecom Italia estaria avaliada em 3 bilhões de euros, com base no valor de mercado da companhia, de cerca de 15 bilhões de euros. A TIM, unidade da Telecom Italia, tem um valor de mercado de US$ 12 bilhões.