Telefónica: as recentes dificuldades e a situação dos mercados podem complicar a estratégia de redução de dívida (Angel Navarrete/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 21 de outubro de 2016 às 08h51.
Madri - Quatro anos depois de cancelar dividendo, em uma decisão histórica, a Telefónica precisa encontrar um equilíbrio para convencer o mercado e agências de classificação de risco sobre uma nova estratégia de redução de endividamento sem cortar a remuneração aos acionistas.
Analistas estimam um fluxo de caixa livre de 4 bilhões de euros para este ano e ano que vem, mas 60 por cento desse valor vai para dividendos e não parece suficiente para cumprir a meta para 2017 de reduzir a dívida em 12 bilhões de euros.
A 0,75 euro por ação, a Telefónica tem a rentabilidade por dividendo mais alta do índice da bolsa de Madri Ibex-35, cerca de 8,3 por cento.
Sem tocar na política de remuneração e com um ritmo de investimento atual de cerca de 9 bilhões de euros por ano, o caixa livre se limita a no máximo 3,2 bilhões de euros para pagar dívida em dois anos.
Apesar de ser um mantra da companhia, as recentes dificuldades e a situação dos mercados podem complicar a estratégia de redução de dívida da companhia que controla a Vivo no Brasil e pode obrigar a empresa a recorrer ao dividendo, a única opção 100 por cento em suas mãos.
"A Telefónica está perfeitamente ciente do compromisso que assumiu, das restrições e da necessidade de manter seu rating. Sobre o dividendo, a empresa tem declarado ao mercado que vai seguir com ele. Parece complicado que alcancem o objetivo sem mexer nele. É muito importante que anunciem antes do final do ano qual será o plano e que ele seja executado antes de dezembro de 2017", disse Carlos Winzer, analista da agência de classificação de risco Moody's, em entrevista à Reuters.
Em comunicado enviado ao regulador do mercado CNMV em julho, o grupo espanhol reconheceu que "se o processo de desinvestimento não for completado, ou se prolongar no tempo, poderia afetar o ritmo de redução de dívida, assim como dificultaria o acesso aos mercados de crédito por parte da Telefónica".
"Mas o grupo tem ativos suficientes para abordar outros planos alternativos de desinvestimento", acrescentou.