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Telebrás não deve atrapalhar planos da Oi, diz consultor

Oi detalhou hoje a estrutura de sua parceria com a Portugal Telecom, anunciada em junho de 2010

Oi: a Portugal Telecom comprou uma participação direta e indireta de cerca de 22,4% da Oi por 8,32 bilhões de reais (Marcelo Correa)

Oi: a Portugal Telecom comprou uma participação direta e indireta de cerca de 22,4% da Oi por 8,32 bilhões de reais (Marcelo Correa)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 17h29.

São Paulo – Os planos da estatal Telebrás de levar internet em alta velocidade para 1.173 cidades não interferem na atuação da Oi, segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. Se quiser crescer nesse área, a Oi deveria investir em banda larga de alta velocidade no mercado mais competitivo, diz o consultor.

A Oi detalhou hoje (26/1) a estrutura de sua parceria com a Portugal Telecom, anunciada em junho de 2010. A Portugal Telecom comprou uma participação direta e indireta de cerca de 22,4% da Oi por 8,32 bilhões de reais. Para chegar nessa fatia, ela adquiriu 12,1% da controladora TMAR participações e 35% de duas acionistas da TMAR Participações: AG Telecom e La Fonte.  A fatia dá direito à PT participar da governança da sociedade. A Oi, por sua vez, comprou 10% da Portugal Telecom.

“A Oi não deve se preocupar com a concorrência da Telebrás”, afirma Tude. “O principal para ela é investir, pois a empresa tem muito o que crescer na banda larga.” Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com Tude:

EXAME.com - A estatal da banda larga pode atrapalhar os planos da Oi?
Eduardo Tude - O que a Oi precisa é crescer nos mercados competitivos, onde tem que fazer investimentos, porque GVT e Net avançam. E em celular, que ela perdeu market share. A Telebrás tem um alcance muito limitado. Ela se propõe a oferecer circuitos para pequenos provedores fazerem o atendimento. Se você compara isso com a rede da Oi, a rede da Oi é muito mais ampla do que isso. Isso você vê pelo orçamento da Telebrás, que é muito pequeno comparado com o da Oi. A questão da Oi pode ser estimulada por um plano nacional de banda larga ou ela pode, o que é o negócio principal dela, desenvolver essas redes de banda larga no mercado mais competitivo. Esse é o filet mignon do mercado. Eu não vejo, nesse sentido, em que a Telebrás poderia prejudicar a Oi. Prejudicaria, caso ela resolvesse começar a pegar os mercados do governo para ela gerir, mas isso atingiria não só a Oi, e sim todas as operadoras.

EXAME.com – A Oi enfrenta, então, a concorrência de GVT e Net nos mercados mais competitivos?
Tude - Há um crescimento do mercado de redes de alta velocidade. Existe uma demanda forte por banda larga de alta velocidade e, para atender isso, precisa de redes baseadas em fibra ótica. Isso é o que está acontecendo no mundo. No Brasil, a GVT e a Net fazem isso nos mercados de maior poder competitivo. Se a Oi e a Telefônica não fizerem isso, elas perdem espaço nos mercados mais rentáveis. Agora, é hora de investir e assegurar uma posição nesses mercados.


EXAME.com - A Oi deveria se concentrar no mercado interno?
Tude  - A Oi agora devia se concentrar no mercado interno, porque ele demanda muito investimento e a empresa precisa voltar a crescer para ocupar esse espaço. Ela ainda pode crescer muito no mercado brasileiro. Certamente, o foco da Portugal Telecom também vai ser mercado brasileiro. É o sexto em telecomunicações no mundo.

EXAME.com - Como foi o crescimento da Oi em 2010?
Tude - A Oi não cresceu praticamente nada. Só cresceu em telefonia celular no estado de São Paulo. O crescimento no ano foi baixo, por uma decisão da empresa de cortar investimentos e gastos.

EXAME.com - E agora com a Portugal Telecom, a Oi fica mais competitiva?
Tude - Certamente. A própria Oi anunciou que 2011 vai ser diferente. As outras operadoras sabem disso. Ela é a líder de mercado em vários estados e segmentos; ela tem que manter seu market share. Ela tem que crescer e defender seu espaço. As outras estão atacando e conseguindo tomar mercado. Ela era a líder na região 1 (16 estados das regiões Norte, Nordeste e Sudeste), onde ela originalmente foi criada, e foi ultrapassada pela Vivo e TIM na sua casa. Então, se ela não se mexer, o mesmo acontecerá nos outros serviços. Ela já declarou que esse ano vai ser diferente. Se ela não fizesse isso seria suicido.

EXAME.com - O acordo de estruturação da parceria entre Oi e Portugal Telecom veio dentro do que era esperado pelo mercado?
Tude - O acordo anunciado hoje veio segundo o que foi sinalizado ao mercado, com uma pequena variação na operação inicial, mas dentro da linha do anunciado.

EXAME.com - Quais as principais dificuldades nessa parceria?
Tude - Não só a Oi, mas Vivo e Telefônica ou Claro e Embratel, até mais do que Portugal Telecom e Oi, têm um momento de adaptação de novos sócios e que gera impacto na empresa. Mas, acredito que o investimento será positivo para a Oi, que teve crescimento baixo em 2010, por optar por reduzir despesas.

EXAME.com - A Oi anunciou uma capitalização de 12 bilhões de reais, dos quais 3,27 bilhões de reais estão garantidos pela Portugal Telecom. Ela tem condições de obter o restante no mercado?
Tude - A Oi é uma empresa sólida, que está com baixo valor de mercado e vai depender desse plano de expansão para os investidores acreditarem que ela vai crescer.

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