Val Marchiori: Val obteve o empréstimo do BB a partir de uma linha subsidiada do BNDES, destinada à aquisição de máquinas e equipamentos (Priscila Castilho/Veja.com)
Da Redação
Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 08h03.
Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga empréstimo de R$ 2,7 milhões feito pelo Banco do Brasil à empresária Valdirene Aparecida Marchiori, a Val Marchiori.
A operação foi realizada em 2013, na gestão de Aldemir Bendine, amigo da socialite. Na sexta-feira, 6, o executivo deixou o comando do banco e foi confirmado como novo presidente da Petrobrás.
A fiscalização, em fase inicial, foi aberta a pedido do Ministério Público que atua no TCU. Em São Paulo, o Ministério Público Federal também pediu abertura de inquérito sobre o caso.
Conforme representação do procurador de contas Júlio Marcelo de Oliveira, os fatos são "potencialmente graves" e a cifra justifica, por si só, a atuação da corte de contas.
"Mais importante é o precedente que essa operação encerra, podendo servir de modelo danoso para outras operações do Banco do Brasil, máxime porque as linhas de rigor na concessão do crédito não parecem ter sido observadas", escreveu o procurador.
Para Oliveira, deve-se verificar se a operação é "recorrente" ou se foi "especialíssima, com gravidade presente em ambas as hipóteses".
Val obteve o empréstimo do BB a partir de uma linha subsidiada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinada à aquisição de máquinas e equipamentos.
De acordo com denúncia de funcionários do BB, a socialite tinha restrições de crédito por não ter capacidade financeira suficiente, além de não ter quitado empréstimo anterior feito pelo banco. O BB nega qualquer irregularidade.
Os recursos foram obtidos por meio de uma empresa de Val, a Torke Empreendimentos, para a compra de caminhões. Logo após a aquisição, os veículos foram sublocados para a Veloz Empreendimentos, que pertence a um irmão e à cunhada da socialite. Os dois tampouco teriam capacidade financeira para a aquisição.
A partir da representação, apresentada em 31 de outubro, o TCU autuou um processo sobre o caso e pediu ao BB documentos para analisar a operação. O parecer dos auditores do tribunal ainda não foi concluído.
Ajuda
Bendine procurou autoridades da corte para convencê-los de que não houve irregularidades. Para isso, contou com a ajuda do vice-presidente de Governo do BB, Valmir Campelo Bezerra, ex-ministro do TCU.
Se a operação for considerada irregular, Bendine pode ser multado. Se o TCU entender que houve prejuízo, cabe a abertura de uma tomada de contas especial para confirmar o valor do débito e impor a ele o ressarcimento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.