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Taurus: facilidade na compra de armas faz vendas dispararem

Maior fabricante de armamentos do Brasil registrou aumento de 52% nas vendas nacionais no primeiro trimestre. CEO fala em “momento mágico”

Armas da Taurus: A demanda aumentou devido à liberação de compra de uma série de calibres, antes restritos, como o 9mm e o 357 (Daniel Acker/Bloomberg)

Armas da Taurus: A demanda aumentou devido à liberação de compra de uma série de calibres, antes restritos, como o 9mm e o 357 (Daniel Acker/Bloomberg)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 29 de junho de 2020 às 13h01.

Última atualização em 3 de julho de 2020 às 09h30.

A Taurus, maior fabricante de armas brasileira, vive um “momento mágico”. Essa é a expressão utilizada pelo presidente da empresa, Salesio Nuhs, ao descrever os resultados do primeiro trimestre, apresentados hoje. Uma combinação de fatores, nos Estados Unidos e no Brasil, fez disparar as vendas da companhia, que produziu mais de 260 mil armas nos primeiros três meses do ano. 

No Brasil, o faturamento aumentou 52%. O resultado foi puxado pela venda para os chamados CACs, colecionadores, atiradores e caçadores, que possuem uma licença especial do Exército. A demanda aumentou devido à liberação de compra de uma série de calibres, antes restritos, como o 9mm e o 357. “Temos uma grande variedade de produtos e, boa parte deles, não podíamos vender no Brasil”, afirma Nuhs. 

A facilidade em receber a permissão para ter a posse de uma arma também está ajudando a companhia no mercado interno. Segundo Nuhs, a liberação da documentação, atualmente, se dá de maneira rápida. “As políticas dos governos anteriores eram de maior restrição à venda de armas”, diz o Executivo. “Hoje, se a pessoa cumpre os requisitos, vai receber a autorização de posse”.

O porte de armas segue proibido no Brasil, exceto para as forças de segurança. A posse é permitida, seguindo alguns requisitos, como não ter antecedentes criminais. Até meados do ano passado, cidadãos comuns só podiam comprar revólveres e pistolas de calibre 38. Por meio de um decreto, o presidente Jair Bolsonaro liberou mais de 50 calibres. Fuzis e armas semiautomáticas seguem restritos, mesmo dentro dos calibres liberados. 

Nos Estados Unidos, a proximidade das eleições vem impulsionando os negócios da Taurus. “Historicamente, é uma época sempre boa para o mercado de armas”, diz Nuhs. “O americano costuma antecipar suas compras, com receio das mudanças de governo”. A empresa está reformulando a sua operação americana, após inaugurar uma nova fábrica, na Georgia. 

Se nos Estados Unidos o aumento da demanda pode ser passageiro, Nuhs acredita que, no Brasil, o efeito será prolongado. “O consumidor brasileiro se assemelha ao americano, sempre em busca de novidades”, afirma. “Por isso adotamos uma estratégia com grande volume de lançamentos. Metade do nosso faturamento vem de produtos novos”.  

No último mês, o ritmo diário de produção subiu de 750 para 1.500 armas por dia, nos Estados Unidos, e de 3.500 para 5.000 armas por dia no Brasil. “Não fazemos estoque. Tudo que é produzido, é vendido”, afirma o presidente. Por ser considerada uma empresa estratégica de defesa, a Taurus não sofreu restrições em sua fábrica por conta do coronavírus. Nuhs, no entanto, afirma que a empresa tomou medidas de precaução e que poucos funcionários foram contaminados. 

A receita operacional líquida da companhia no período foi de 298 milhões de reais, alta de 18,3% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) chegou a 45 milhões de reais, um recorde histórico. A alta do dólar, no entanto, impactou no resultado líquido, que ficou negativo em 157 milhões. Nuhs explica que o prejuízo se deve ao impacto imediato do câmbio na dívida da companhia, efeito que deve ser compensado no próximo trimestre, quando a valorização do dólar refletirá no faturamento.

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