O câmbio mais favorável para exportações tem tornado o produto mais rentável, mas ainda é inferior à do mercado doméstico por conta dos custos logísticos para exportação (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2015 às 16h26.
São Paulo - A Suzano Papel e Celulose disse ter registrado volumes de vendas de papel muito fracos e abaixo de sua expectativa em janeiro e fevereiro, afetada pelo ceticismo do mercado sobre a economia doméstica, o que deve gerar um excedente do produto a ser exportado pela empresa.
"O ceticismo afetou de forma bastante igual nossos vários tipos de papel bem como nossos canais", disse nesta quinta-feira o diretor executivo da unidade de negócios de papel e celulose da Suzano, Carlos Aníbal de Almeida, em teleconferência com analistas.
"Estamos aproveitando esse câmbio e direcionando parte do volume que vendemos no mercado doméstico para exportação", acrescentou.
Em 2014, as vendas de papel da companhia para o mercado interno representaram 70,6% do total e recuaram 1,4 por cento no quarto trimestre ante o mesmo período do ano anterior.
Segundo Almeida, com o câmbio mais favorável para exportações, a rentabilidade do produto tem aumentado, mas ainda é inferior à do mercado doméstico por conta dos custos logísticos para exportação. O dólar era negociado em alta de 1,2 por cento nesta quinta-feira, a 3,017 reais.
O volume excedente de papel será exportado, mas não já no primeiro trimestre, pois a velocidade de reação da companhia para realizar exportações é menor, completou o presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka.
A empresa, segunda maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, anunciou na véspera investimento adicional de 30 milhões de reais para passar a produzir celulose tipo fluff. O insumo usado em absorventes e fraldas será fabricado a partir da celulose de fibra curta em vez da tradicional fibra longa.
Schalka disse que a companhia já alinhou com vários clientes o fornecimento do novo produto. "O que acontecerá em relação a preço ainda não discutimos, mas naturalmente haverá um desconto sobre a fabricada com fibra longa", disse.
A intenção da empresa é atingir produção de 100 mil toneladas ao ano, sendo que o mercado atual no Brasil é de 400 mil toneladas.
"Podemos buscar alternativas de aumento da produção no futuro, mas vamos esperar trazer um grau de sucesso para a alocação dessas 100 mil toneladas", acrescentou Schalka.
A operação será iniciada na unidade da companhia na cidade de Suzano (SP) em dezembro deste ano e acarretará a diminuição da produção de papel para imprimir e escrever mais ou menos na mesma proporção do volume produzido de fluff, pois ocorrerá a partir de uma das máquinas já existentes cuja produção será flexibilizada.