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Sustentabilidade para o alto: como a agricultura vertical está transformando áreas urbanas

Apesar de um revés ou outro, o modelo usa menos água e envolve menos movimentação de caminhões

Aerofarm: As hortaliças da Aerofarms estão à venda, atualmente, em mais de 2.000 endereços nos Estados Unidos. (JBS/Divulgação)

Aerofarm: As hortaliças da Aerofarms estão à venda, atualmente, em mais de 2.000 endereços nos Estados Unidos. (JBS/Divulgação)

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Publicado em 15 de março de 2024 às 11h20.

A agricultura vertical surgiu como uma solução inovadora para superar os limites dos campos tradicionais, otimizando o uso do espaço disponível. Por meio do cultivo empilhado verticalmente, áreas de tamanho reduzido podem gerar uma quantidade significativamente maior de insumos, maximizando assim a eficiência produtiva em espaços limitados.

Uma das fazendas verticais mais conhecidas do mundo é a americana Aerofarms. A primeira unidade, na cidade de Ithaca, em Nova York, entrou em operação em 2004. Depois o negócio foi expandido para Newark, em Nova Jersey, e, em seguida, para Danville, na Virgínia. “Utilizamos os mais recentes avanços em agricultura vertical indoor, inteligência artificial e biologia vegetal para solucionar o sistema alimentar, que está quebrado, e para melhorar a maneira como os produtos frescos são cultivados e distribuídos local e globalmente”, diz o manifesto da companhia.

David Rosenberg, um dos fundadores, declarou o seguinte para a revista “New Yorker” em 2017: “Estamos tão à frente de todos os outros nesta tecnologia que levará anos para o resto do mundo nos alcançar.”

No ano passado, porém, a companhia sofreu um baque a ponto de entrar, em junho, com um pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos. Em setembro, no entanto, anunciou a conclusão de seu processo de reestruturação e o fim da breve recuperação judicial. A empresa disse, então, que eliminou os gastos relacionados a todos os projetos que não contribuem para o aumento da produção da unidade em Danville. E que estava, portanto, caminhando em direção à lucratividade. “Como investidores dedicados à criação de uma cadeia de abastecimento global de alimentos mais sustentável, vemos as fazendas verticais como uma parte crítica da solução”, declarou, na época, Stephan Dolezalek, sócio da Grosvenor Food & AgTech (GFA).

Trata-se de uma das companhias que financiaram a Aerofarms, cujas hortaliças estão à venda, atualmente, em mais de 2.000 endereços nos Estados Unidos, incluindo as lojas da rede Whole Foods Market. A AeroFarms afirma que seu modelo de agricultura é até 390 vezes mais produtivo que o tradicional, além de utilizar um volume de água 95% menor, uma área 99% menor e nenhuma gota de pesticidas.  Trata-se, portanto, de uma boa solução para um problema gigantesco que poderá tirar o sono da humanidade: estima-se que, até 2035, a produção global de alimentos deverá crescer 69% em função do aumento populacional.

Em janeiro, a companhia (e outras do gênero) se deparou com mais um revés: a Universidade de Michigan divulgou um estudo que afirma que a pegada de carbono de frutas e vegetais cultivados em fazendas e jardins urbanos é seis vezes maior do que a dos produtos colhidos nas fazendas tradicionais. Publicado pela revista “Nature Cities”, a pesquisa se debruçou sobre 73 fazendas e jardins urbanos em cinco países. Em média, os alimentos produzidos por meio da agricultura urbana contribuíram com a emissão de 0,42 quilogramas de CO2 (e os convencionais, com 0,07 quilogramas).

É preciso pesar, no entanto, todas as vantagens oferecidas pelas fazendas urbanas. A principal delas tem a ver com a localização. A Pink Farms, por exemplo, se encontra nos arredores dos estabelecimentos para os quais vende, o que se traduz em menos movimentação de caminhões — e, consequentemente, em menos emissão de poluentes. O modelo também contribui com o aumento de empregos em regiões urbanas, ao contrário das fazendas tradicionais. Na Vila Leopoldina, em São Paulo, a Pink Farms se apresenta como a maior fazenda vertical e urbana da América Latina. Ela ocupa um galpão de 600 metros quadrados com pé-direito de sete metros. É a mesma altura de suas duas torres de produção, que ocupam uma parte pequena do espaço.

Pinkfarms: A startup brasileira Pink Farms diz economizar até 95% de água e 60% de fertilizantes em comparação com as fazendas tradicionais. (JBS/Divulgação)

Suas instalações, assim como as da Aerofarms, exibem uma constante iluminação rosa, psicodélica, que simula a luz solar, acelerando a fotossíntese das hortaliças. As mudas ficam enfileiradas em prateleiras — para acessar as mais altas, é preciso recorrer a um elevador portátil — e a temperatura interna é sempre a mesma: 23°C. Graças ao sistema verticalizado, a agtech consegue produzir na pequena área de que dispõe o mesmo tanto que um horticultor tradicional faz com uma área de cultivo quase 170 vezes maior — o adensamento das mudas é outro truque.

Na ativa desde 2017, a startup foi fundada por Mateus Delalibera, Rafael Delalibera e Geraldo Maia. Ela produz três tipos de alface, além de agrião, rúcula e espinafre. Um dos focos são os chamados microgreens, as versões bem pequenas de hortaliças — no caso, de alho-poró, couve, cenoura, mostarda, rabanete, rúcula e repolho-roxo. A Pink Farms diz economizar até 95% de água e 60% de fertilizantes em comparação com as fazendas tradicionais. E com mais um diferencial: ela entrega em até 24 horas depois da colheita.

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