Fusão: nova empresa vai operar com a marca SumUp e, no país, será comandada por Adriana Barbosa e Igor Marchesini (Alan Teixeira/SumUp)
Luísa Melo
Publicado em 11 de maio de 2016 às 17h10.
São Paulo - As empresas alemãs de pagamentos móveis Payleven e SumUp acabam de assinar um acordo de fusão. O valor do negócio não foi divulgado.
Só no Brasil, a companhia combinada vai processar um volume total de pagamentos (TPV) superior a 1 bilhão de reais por ano. Esse número, segundo ela mesma, a posicionaria entre as três maiores facilitadoras do país, à frente do PayPal e atrás da PagSeguro e da MercadoPago, operadora das transações do MercadoLivre.
Ela terá presença em 15 países e uma base de 1 milhão de usuários, 260.000 deles brasileiros.
A SumUp tem entre seus investidores o banco espanhol BBVA e o Groupon, enquanto a Payleven já recebeu aportes de fundos como o Rocket Internet.
Os acionistas de ambas aprovaram a transação e continuarão a compor o quadro da nova companhia, que vai operar com a marca SumUp, líder de mercado na Europa.
Por meio de um processo de “stock swap”, os investidores locais trocaram suas ações por participações na holding originada da fusão.
Por enquanto, os produtos das duas startups continuarão a existir, sem alterações. A ideia é unificá-los no futuro, mas não há data prevista para isso.
Mundialmente, a companhia será liderada por Daniel Klein, fundador e CEO da SumUp.
No Brasil, onde as duas empresas estão há cerca de três anos, o comando será compartilhado por Igor Marchesini, que já estava à frente da SumUp, e por Adriana Barbosa, que dirigia a Payleven.
Marchesini cuidará da parte financeira, das operações e do relacionamento institucional e Barbosa ficará responsável pelos departamentos de marketing, comercial e tecnologia.
“O objetivo da SumUp é ser a primeira marca global de meios de pagamentos. Mas, no Brasil, a Payleven tem hoje o dobro do nosso tamanho e um trabalho de reconhecimento que vamos respeitar. Vamos fortalecer nossa marca primeiro, para depois transferir os clientes da Payleven”, disse Igor Marchesini, copresidente da holding no país, em entrevista exclusiva a EXAME.com.
Segundo ele, o desafio será fazer essa migração sem perder espaço para a concorrência.
O mercado
Tanto a Payleven quanto a Sumup são facilitadoras (ou subadquirentes) e, no Brasil, fornecem meios de pagamentos móveis a microempreendedores e profissionais liberais.
Elas intermedeiam a conexão entre seus usuários e as adquirentes – empresas como Cielo, Rede e Getnet, que fazem a liquidação financeira das transações via cartão de débito e crédito conectando as bandeiras (como Visa e MasterCard) aos bancos.
Para ter uma "maquininha" da SumUp ou da Payleven, o cliente não precisa atingir um faturamento mínimo, nem pagar mensalidade, ao contrário do que acontece quando o serviço é contratado direto das adquirentes.
As duas vendem o leitor de cartões em até 12 parcelas e cobram taxas sobre cada compra feita por meio dele. O valor da tarifa varia de acordo com o tipo da operação (débito ou crédito) e o prazo escolhido para receber o valor transacionado.
"Nossos clientes são sacoleiros, revendedores e pedreiros que precisam aceitar cartão para se livrar da venda por caderninho e cheque pré-datado", contextualiza Igor Marchesini.
Em média, os usuários da SumUp realizam seis transações por mês, enquanto os da Payleven registram 11.
No Brasil, as operações da primeira são efetivadas pela Stone e pela Cielo e, as da segunda, pela Elavon e pela Stone. Com a fusão, as três empresas continuarão sendo parceiras da holding.
Como fica
A nova SumUp já nasce com um time de 150 pessoas no Brasil (97 vindas da Payleven e 53 da SumUp). Até o fim do ano, os funcionários devem somar 190, mesmo com sinergias.
“A gente não é um business que cresce 10% ao ano, mas 10% ao mês. Então, precisamos contratar sempre”, comentou Adriana Barbosa, copresidente da SumUp no país.
Vantagens
Antes da fusão, a Payleven trabalhava com as bandeiras de cartão Visa, Mastercard, Diners Club e Discover e a Sumup com Visa, Mastercard, American Express e Elo. Juntas, as duas ampliam suas coberturas.
As estratégias de marketing das duas companhias também se complementam. Enquanto a SumUp é forte em divulgação online, principalmente pelo Facebook, a Payleven atua com anúncios na televisão e junto a revendedores.
Para a SumUp, a associação é vantajosa porque aumenta sua capacidade de negociação com parceiros, já que o volume transacionado pela antiga concorrente é três vezes maior do que o seu.
Além disso, ela passará a contar com os 12 engenheiros de desenvolvimento da Payleven no país. “Não tínhamos equipe de tecnologia local. Isso vai nos ajudar a ter um produto mais tropicalizado”, diz Marchesini.
A SumUp também ganhará reforço com a plataforma da Payleven, que consegue operar em marketplaces, diferentemente da sua.
Por outro lado, a Payleven, que terceiriza a produção de sua maquininha, adicionará o hardware próprio criado pela SumUp a seu portfólio.