Luca Cafici, da InstaCarro: "Conseguindo o breakeven, seremos a primeira cartech de toda a América Latina a obter esse marco" (Instacarro/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 5 de abril de 2024 às 09h30.
Última atualização em 9 de abril de 2024 às 12h56.
No mercado desde 2015, a InstaCarro está reforçando o caixa com uma captação de R$ 55 milhões, em aporte liderado pelos fundos americanos J Ventures, FJ Labs e Rise Capital. Com o valor, a startup soma mais de R$250 milhões levantados ao longo de quase 10 anos de história.
O serviço da empresa está baseado na venda de carros seminovos e usados, um setor mercado que transacionou mais de 14,5 milhões de veículos no ano passado, de acordo com dados da Fenauto, a associação dos lojistas.
A captação veio a partir da emissão de uma debênture de 3 anos, dentro de um modelo de venture debt. A estrutura é comum em mercados mais maduros como o americano e tem aparecido com mais frequência nos últimos anos por aqui, principalmente ao longo do tal “inverno das startups”.
Com a estruturação do título de dívida, a startup oferece ao credor uma combinação de remuneração fixa, na forma de juros, e variável – como um percentual sobre a valorização posterior do negócio.
A proposta da startup passa por digitalizar a jornada do cliente, que não precisa sair de casa para vender o seu carro. Uma vez que ele entra em contato, a startup manda um representante para inspecionar o veículo, fazer as fotos e colocar na plataforma.
A partir daí, a informação é disparada para mais de 4000 lojistas que usam a ferramenta para garimpar opções e dar os seus lances nos leilões. A promessa é de que em 24 horas, a transação será realizada e o dinheiro depositado instantaneamente na conta do cliente, antes mesmo da entrega do carro.
Atualmente, cerca de 1000 veículos são vendidos por mês. Na média, são automóveis com 7 anos de vida, em um portfólio que vai de Porsche a carro de venda de esfiha. Desde o começo da operação, o negócio já transacionou mais de R$ 2 bilhões.
“Geralmente, nós encontramos dois perfis de vendedores. Um é o cliente que quer conveniência, entender do processo e fazer um negócio justo, sabendo que não está sendo ‘enganado’ e ou outro é a pessoa que, por algum tipo de situação, precisa de dinheiro muito rapidamente”, afirma Luca Cafici, cofundador e CEO da InstaCarro.
O empreendedor argentino chegou ao Brasil após vender uma startup que teve na Ásia, também no setor automotivo. Queria ficar mais perto da família e, ao mesmo tempo, operar em um dos maiores mercados de automóveis do mundo. Segundo estimativas, o país ocupa a terceira posição, atrás de Estados Unidos e Índia, na venda de seminovos e usados.
Os novos recursos chegam para reforçar a operação, em constante transformação nos últimos anos. Quando nasceu, em 2015, o modelo passava por ter lojas físicas, onde aconteciam as inspeções. Hoje, resta apenas uma, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo.
A pandemia forçou a reestruturação digital, mudança que deu mais agilidade para o negócio expandir para outros territórios além de São Paulo, onde a empresa nasceu. Os produtos são comercializados por todos os estados - Rio e o Sul do país, ao lado de São Paulo, despontam como principais mercados.
Os maiores avanços, porém, foram em produtos e serviços complementares, que agora serão os principais beneficiários do aporte que está sendo anunciado. Uma fatia significativa será direcionada para o braço de fintech da InstaCarro, negócio criado há dois anos para financiar as compras dos veículos pelos lojistas e liberar fluxo de caixa.
“Neste mercado, muitas lojas são pequenas e familiares. Com esse capital que começamos a oferecer, eles conseguiram crescer e abrir uma segunda loja. Para nós, é uma nova rentabilidade, um novo produto, e é bom porque os clientes ficam mais ativos na plataforma e nos ajudam a crescer de uma forma sustentável”, afirma.
Na estratégia de diversificação, a startup criou uma terceira vertical, com um serviço para que empresas de frota, instituições financeiras e grandes concessionárias de carros coloquem seus estoques na plataforma. A unidade, criada há pouco de um ano, movimenta 10% da receita e também será reforçada com o novo capital.
Todos esses passos visam levar a última linha do balanço à rentabilidade, uma meta que a startup colocou para este ano.“Conseguindo, seremos a primeira cartech de toda a América Latina a obter esse marco”, afirma Cafici.
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