Rafael Assunção, Rodrigo Griesi, Gustavo Do Valle, Daniel Smolenaars, Paulo Orione, sócios da Decora: empresa foi vendida por 100 milhões de dólares (Decora/Divulgação)
Gian Kojikovski
Publicado em 15 de março de 2018 às 13h13.
Última atualização em 16 de março de 2018 às 11h36.
A startup brasileira Decora, especializada na criação de cenários de decoração em 3D, foi vendida para a americana CreativeDrive, companhia global de criação de conteúdo para moda e decoração, por 100 milhões de dólares, no segundo maior negócio com empresas de tecnologia do país no ano, depois da venda da 99 para a chinesa Didi Chuxing. Criada em Florianópolis, a Decora automatiza a criação de modelos de produtos e cenários 3D que são utilizados por e-commerces. Dessa forma, os clientes podem montar ambientes e editar, adicionar, remover e modificar as imagens de forma dinâmica, na própria plataforma.
Uma loja de móveis online, por exemplo, aumenta suas vendas se conseguir mostrar melhor o produto para seus clientes. Uma foto de uma cadeira num ambiente branco não é tão atrativa – nem tão vendável – como se ela estiver em um ambiente todo decorado. O problema é que montar esse ambiente não é tão fácil e prático. O que a Decora fez foi criar uma rede de colaboradores em todo o mundo para criar essas imagens em 3D e dar eficiência aos e-commerces que as utilizam, dando escala para um negócio que antes era lento. Se a loja online pedia para um estúdio criar uma sala com um tipo de cadeira, por exemplo, e depois quisesse colocar outro móvel, a mudança teria que ser feita manualmente.
A CreativeDrive comanda mais de 150 estúdios de criação ao redor do mundo, fazendo imagens de decoração e moda, e comprou a Decora justamente para automatizar o processo de produção dessas imagens e aproveitar a plataforma que é disponibilizada para os lojistas. A Decora tem clientes como os varejistas americanos como Bed Bath & Beyond, Target, Lowe’s, Jacuzzi, além de brasileiros como Portobello e Mobly.
Fundada em 2012 por Gustavo do Valle e Paulo Orione, dois estudantes de Administração de Florianópolis, Santa Catarina, a Decora tem uma história pouco usual para o setor, já que cresceu até a venda sem nunca ter recebido aporte de investidores externos. Além disso, eram pouco conhecidos e estavam abaixo do radar da mídia, de concorrentes e dos próprios investidores. Diferente de muitas startups, apostaram que focar no produto traria mais clientes do que aparecer e a estratégia deu certo.
A Decora mudou duas vezes o modelo de negócios antes de achar o atual nicho. Começou como uma espécie de marketplace para que pessoas interessadas em decoração contratassem profissionais que criar esses ambientes. O modelo não cresceu no ritmo esperado e os fundadores perceberam que seria melhor se aproximar de e-commerces que utilizassem esse tipo de material criado pelos designers e decoradores.
Por fim, notaram que era preciso dar escala à criação desse conteúdo, o que os estúdios com os quais concorriam não conseguiam fazer. Investiram em melhorar a tecnologia da plataforma e em captar profissionais freelancers de todo o mundo para ajudar a criar esse tipo de conteúdo. “O principal problema dos varejistas era ter a imagem dos produtos com boa qualidade e em um ambiente interessante. Percebemos que se pudéssemos escalar isso com uma comunidade de designers e se o cliente não precisasse fazer nada, apenas recebesse a cena, isso seria distuptivo. Hoje, a gente coleta os dados do site do cliente e entrega para ele quantas imagens ambientadas ele quiser dentro do site dele”, diz Gustavo do Valle, presidente da Decora.
Em 2017, a empresa escalou o volume de produção destas imagens com um crescimento de mais de 1000%, com o apoio de uma crescente comunidade de designers 3D espalhados por todo o mundo. Atualmente a Decora chega a ofertar por mês para seus clientes mais de 15 mil modelos de produtos 3D e mais de 7 mil ambientes digitais, para varejistas nos Estados Unidos e América Latina.
Ao longo do tempo, outros três sócios se juntaram aos fundadores, Rafael Assunção, Rodrigo Griesi e Daniel Smolenaars. Em 2015, com a ajuda do Sebrae-SC, a Decora começou a operar nos Estados Unidos, que se tornou o principal mercado da empresa, e chamou a atenção da CreativeDrive. “A CreativeDrive é o parceiro estratégico ideal para a Decora por trabalharem com marcas líderes e empresas os mais diferentes segmentos e indústrias. Têm reputação de alta qualidade e um alcance verdadeiramente global”, diz do Valle.