Marcel Fukayama, co-fundador e diretor executivo do Sistema B no Brasil. (Germano Lüders/Exame)
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de novembro de 2018 às 13h16.
Última atualização em 22 de novembro de 2018 às 15h33.
São Paulo - Sabe aquela expressão "de boas intenções o mercado está cheio"? Transformar intenção em ação é o que move o Sistema B, um movimento global de empresas que prezam pela integração do resultado financeiro à geração de resultado socioambiental.
"É uma nova onda de negócios que regenera vidas e o Planeta. Acreditamos no poder de usar as forças dos negócios para resolver problemas sociais e ambientais complexos, que são crônicos, não pontuais", afirma Marcel Fukayama, co-fundador e diretor executivo do Sistema B no Brasil.
Fukayama participou do EXAME Forum Sutentabilidade, realizado nesta quinta-feira em São Paulo e destacou que os governos, sozinhos, não darão conta de atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que demandam quatro trilhões de dólares para serem implementados, o equivalente ao PIB americano.
"Hoje temos mais 2700 empresas de mais de 70 países com o objetivo comum de construir uma comunidade mais justa e sustentável. O Brasil tem 126 empresas B certificadas, que somam mais de 126 bilhões de reais", pontua.
A gigante Natura foi a primeira empresa de capital aberto da América Latina e a maior do mundo, em receita e número de colaboradores, a conquistar a certificação, em 2014.
Para receber a certificação, as empresas devem cumprir altos padrões de performance e são avaliadas através de um processo que analisa cinco principais áreas: modelo de negócios, comunidade, meio ambiente, governança e funcionários.
Fukayama citou outras empresas brasileiras inspiradoras que ostentam esse feito, como a Juçaí, que comercializa sobremesas feitas com a polpa do fruto da palmeira juçara, buscando promover um ciclo virtuoso de preservação de uma árvore ameaçada de extinção e símbolo da Mata Atlântica, a Mãe Terra, da Unilever, que promove a agricultura orgânica, e a Ben & Jerry's, que usa a marca para divulgar causas ligadas à justiça climática e ao movimento LGBTQIs, por exemplo.
Além de coordenar as ações do Sistema B no Brasil, Fukuyama é sócio da Din4mo, primeira debênture de impacto social distribuída pelo Itau pra financiar as famílias contempladas pelo Programa Vivenda, especializado em reformas de moradias populares. A operação permitiu a captação de R$ 5 milhões e deve impactar cerca de 32 mil pessoas em cinco anos.
A esta altura cabe a pergunta: como fazer com que mais de 125 milhões de empresas no mundo se comportem como uma empresa B? Segundo o empresário, esse é um trabalho de formiguinha, que passa por uma mudança de consciência para se tornar um propósito, com empresas que medem seu impacto ambiental e social da mesma forma como mensuram o lucro.
"Estamos nesse momento aproveitando as reuniões do G20 para promover essa mudança. Fizemos uma carta aberta às nações do grupo para abraçarem essa nova visão de empresas de impacto que fazem a diferença no mundo", completou.