Metrô e trem de São Paulo, além do metrô do DF, seriam os alvos do suposto cartel (Mauricio Simonetti/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2013 às 13h35.
São Paulo - A multinacional alemã Siemens delatou às autoridades antitruste brasileiras a existência de um cartel em licitações para a compra de equipamento ferroviário, e para construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal, revela a edição deste domingo do jornal Folha de S. Paulo.
A gigante alemã faria parte do cartel, e de acordo com apuração do jornal, o esquema envolve subsidiárias de multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui. Todas essas empresas, incluindo a Siemens, já demonstraram interesse no projeto do trem-bala brasileiro.
Além da Siemens, Alstom e Mitsui disseram à Folha que estão colaborando com as investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo a apuração do jornal, o esquema inclui ainda outras sete empresas: TTrans, Tejofran, MGE, TCBR Tecnologia, Temoinsa, Iesa e Serveng-Civilsan.
No início de julho, o Cade informou à imprensa que, em operação conjunta, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na sede de 13 empresas localizadas em Brasília, Hortolândia (SP), Diadema (SP) e na cidade de São Paulo, mas não revelou os nomes das investigadas.
A suspeita é de que as empresas combinavam o valor que iriam apresentar na licitação. Com isso, garantiriam contratos de 10% a 20% mais altos do que o previsto.
Os alvos do suposto cartel seriam as licitações da construção da fase 1 da linha 5 e da extensão da linha 2, ambas do metrô de São Paulo, além da manutenção do metrô do Distrito Federal e de concorrências envolvendo a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O governo do estado de São Paulo disse que também iria investigar o suposto cartel.
Não é a primeira vez que a Siemens se envolve em escândalos. Em 2011, por exemplo, ex-executivos da companhia foram acusados, nos Estados Unidos, de um esquema de propina. No mesmo ano, o presidente executivo da empresa no Brasil foi demitido por suspeita de desvio de dinheiro.