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Siderúrgicas chinesas usam Alibaba para exportar excedentes

Usinas podem produzir 210 milhões de toneladas a mais do que o mercado precisa, obrigando um ritmo recorde de vendas no exterior


	Trabalhador da indústria de aço em frente a um alto-forno de uma siderúrgica na China
 (China Photos/Getty Images)

Trabalhador da indústria de aço em frente a um alto-forno de uma siderúrgica na China (China Photos/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2014 às 23h34.

Hong Kong/Pequim - Na China, a Tangshan Donghua Steel Enterprise Group estava tão ansiosa por conquistar clientes no exterior que recorreu a ligar diretamente para os fabricantes e tentou vender metal no site de comércio eletrônico administrado pela Alibaba Group Holdings.

Uma superabundância no maior produtor de aço do mundo significou o desmoronamento dos preços para produtos básicos como os vergalhões usados na construção, portanto a Tangshan Donghua está almejando compradores fora da China que pagam mais.

Agora, a companhia envia até 40 por cento da sua produção para o mundo inteiro, do Sudeste Asiático e a América do Sul até o Oriente Médio, e quer expandir suas exportações ainda mais.

“Não obtemos lucros vendendo aqui”, disse Wei Guotong, assistente do gerente-geral da Tansghan Donghua, em uma entrevista em 22 de setembro da usina da empresa, a cerca de 170 quilômetros ao leste de Pequim.

“Se vendemos no exterior, pelo menos podemos ganhar algum dinheiro, ainda que não muito”.

Depois que o setor siderúrgico chinês se expandiu 50 por cento desde 2010 para acompanhar o rápido crescimento da demanda, as usinas podem produzir 210 milhões de toneladas a mais do que o mercado precisa e um quarto da capacidade não é utilizado, segundo dados compilados pela Bloomberg Intelligence.

Com a desaceleração do crescimento econômico, os produtores se mostram relutantes em fechar fábricas, obrigando a um ritmo recorde de vendas no exterior, onde os concorrentes acusam a China de praticar dumping.

A China, que produz quase metade do aço do mundo, enviou 52,4 milhões de toneladas nos primeiros oito meses deste ano, uma alta de 36 por cento em relação a um ano atrás, frente a 42,5 milhões exportados no mesmo período em 2007, quando as vendas quebraram um recorde histórico, mostram dados do governo.

Até o final do ano, o total para 2014 poderia alcançar 85 milhões de toneladas, segundo Hu Yanping, analista da custeel.com, empresa de pesquisa em Pequim. É 44 por cento a mais do que no recorde de 2007, de 59 milhões de toneladas.

Contração

“Usinas e comerciantes de aço observaram uma contração das vendas em setembro”, escreveram analistas da Macquarie Securities Ltd., entre eles Graeme Train e Angela Bi em Xangai, em um relatório publicado em 23 de setembro.

“Agora há expectativas de reduções da produção. Não é um bom presságio para a demanda e os preços das matérias primas no curto prazo”.

As economias em desenvolvimento estão comprando uma proporção cada vez maior da produção chinesa, ultrapassando os EUA, que eram o segundo maior comprador do mundo em 2007.

No que vai deste ano, a Coreia do Sul é a maior compradora, seguida pelo Vietnã, as Filipinas, a Tailândia e Cingapura, segundo dados da alfândega. O Brasil, antigamente exportador líquido de aço, subiu até a 10° posição de 24° há sete anos.

Antidumping

Alguns desses carregamentos podem desencadear disputas comerciais que poderiam reduzir as aquisições.

Em 17 de setembro, os EUA iniciaram um inquérito por acusações de dumping de unidades de prateleiras de aço a preços inferiores ao custo, e em julho o governo impôs taxas preliminares sobre algumas importações de fio-máquina da China.

A União Europeia iniciou investigações em junho e agosto e está considerando renovar as tarifas sobre o fio-máquina por mais cinco anos.

Em janeiro, a Tailândia impôs taxas sobre produtos laminados a frio, e no ano passado o Brasil iniciou um inquérito sobre alguns produtos de canos de aço.

A própria demanda da China tem se estagnado. Durante os primeiros oito meses do ano, o consumo caiu 0,3 por cento para 500 milhões de toneladas, disse Wang Xiaoqi, vice-presidente da China Iron Steel Association, hoje em uma conferência em Dalian.

“Não segure a respiração e espere milagres”, disse Liang Ruian, vice-presidente da Shanghai Jianfeng Asset Management Co., quem aposta que os preços do aço e do minério de ferro caiam pelo menos até o primeiro semestre do ano que vem.

“Não há milagres. Somente há oferta e demanda, e temos uma oferta crescente e uma demanda decrescente”.

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