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Setor de moda sente aperto econômico

Das quatro maiores redes de confecções listadas na Bolsa, apenas a Renner registrou alta nas vendas em lojas abertas há mais de um ano


	Loja da Marisa: a rede foi a única empresa que, além de ter visto suas lojas venderem menos entre julho e setembro, também registrou prejuízo
 (Wikimedia Commons)

Loja da Marisa: a rede foi a única empresa que, além de ter visto suas lojas venderem menos entre julho e setembro, também registrou prejuízo (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2014 às 07h56.

São Paulo - O fim da temporada de balanços do terceiro trimestre deixou claro que as grandes varejistas de moda estão com dificuldade de convencer o consumidor a renovar o guarda-roupa em tempos de crescimento econômico perto de zero.

Das quatro maiores redes de confecções listadas na Bolsa, apenas a Renner registrou alta nas vendas em lojas abertas há mais de um ano entre julho e setembro. As demais - Riachuelo, Hering e Marisa - viram retração no indicador.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que as vendas do comércio como um todo andaram para trás em julho e agosto. No entanto, analistas ouvidos pelo Estado apontaram que problemas internos também afetam os resultados das redes.

Dificuldades com coleções, definição de preços ou projetos de expansão ajudam a explicar os resultados do terceiro trimestre. O balanço das empresas ainda inclui impacto residual da Copa do Mundo, que afetou as vendas em julho.

Fortemente atrelada à classe C, a Marisa foi a única empresa que, além de ter visto suas lojas venderem menos entre julho e setembro, também registrou prejuízo líquido - a empresa perdeu R$ 18,4 milhões no período.

"Existe um componente de execução no balanço da Marisa", disse o analista de varejo da Votorantim Corretora, Luiz Cesta. Isso quer dizer que, além de ter de enfrentar um cenário macroeconômico desfavorável, a empresa também não conseguiu entregar uma coleção que agradasse à clientela, reduzindo as visitas às lojas.

No caso da Riachuelo, parte do Grupo Guararapes, a queda nas vendas das lojas abertas há mais de um ano foi a primeira desde 2006, ano em que a empresa começou a incluir o indicador no balanço.

A retração de 2,7% significou também um forte contraste em relação à expansão de 10% do mesmo período de 2013.

Segundo relatório dos analistas Guilherme Assis e Victor Falzoni, do Banco Brasil Plural, um dos componentes que contribuíram para a piora do resultado foi a desaceleração nas vendas nas regiões Norte e Nordeste, às quais a companhia tem forte exposição.

Aberturas

No entanto, uma fonte de mercado lembra que a empresa também está empreendendo um forte programa de expansão - serão 40 unidades novas em 2014, ritmo parecido com o do ano passado.

A abertura de novas lojas pode afetar, em alguns casos, o desempenho de pontos de venda já estabelecidos.

"A empresa está também fazendo um forte movimento de sofisticação, que custa caro", disse a fonte.

A Guararapes afirmou, após a divulgação do balanço, que antecipa uma alta nas vendas em lojas abertas há mais de um ano no quarto trimestre.

Enquanto a Riachuelo e a Renner mantêm acelerados projetos de expansão, Hering e Marisa optam pelo caminho da cautela. No fim do mês passado, a Hering, por exemplo, anunciou que abrirá 75 novas unidades em 2014, contra as cem lojas inicialmente previstas.

Entre as principais varejistas, a Hering é a que vem apresentando resultados decepcionantes há mais tempo.

"A Hering já vinha perdendo força desde 2012, quando o mercado como um todo ainda vinha crescendo. Não é um resultado só ligado à economia", disse um analista, que pediu para não ser identificado.

Assim como a Riachuelo, a Hering está implantando mudanças. Recentemente, lançou uma nova linha de produtos básicos e expandiu seu portfólio de marcas.

Nos próximos trimestres, as empresas terão de fazer muito bem o dever de casa para melhorar seus resultados, já que a economia deverá seguir em ritmo lento em 2015.

"É um cenário desafiador. O trabalhador tem menos dinheiro disponível e está em dúvidas sobre o futuro. Nesse cenário de incerteza, vai restringindo os gastos, especialmente os que podem ser adiados, como o com roupas", disse Cesta, da Votorantim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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