Sala de aula da Yduqs: companhia está na disputa pela Laureate no Brasil (Adtalem Brasil/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 13 de outubro de 2020 às 11h32.
Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 11h50.
A empresa de educação Laureate, que no Brasil é dona das faculdades Anhembi Morumbi e FMU, está prestes a definir a próxima movimentação de placas tectônicas no mercado de educação brasileiro.
A companhia recebeu uma proposta de compra da Ser Educacional, grupo forte no Nordeste, que fez uma oferta pela operação em setembro. Pelo acordo, a Laureate teria até hoje para receber propostas de terceiros (“go-shop”) para sua aquisição. A transação é avaliada em 4 bilhões de reais.
A proposta da Ser é de 1,7 bilhão de reais em dinheiro, 623 milhões de reais em assunção de dívida e mais a entrega de ações que serão equivalentes a 44% da companhia fundada pelo empresário Janguiê Diniz.
A oferta foi divulgada ao mercado no dia 13 de setembro. No dia seguinte, a Yduqs entrou oficialmente na briga. Divulgou comunicado no qual dizia acreditar que tem condições de apresentar uma proposta mais atraente do que a da Ser pelos ativos da Laureate. A Ânima também está no páreo.
Quem levar a noiva vai abocanhar cerca de 267 mil alunos. Um ativo escasso em um mercado de educação que tem tido problemas para aumentar o número de alunos em cursos presenciais – os mais caros e rentáveis – em meio à pandemia do novo coronavírus.
“Hoje, se você olhar os grandes grupos de educação, o crescimento da base de alunos presencial vem por aquisição. O crescimento orgânico no presencial está muito mais difícil por conta do cenário do setor”, afirma Daniel Infante, diretor da consultoria Educa Insights.
Segundo Infante, dentre as empresas que disputam a Laureate, a Ser é que tem menor risco de ter a operação barrada pelo Cade devido à concentração de mercado. “Em termos de concentração de mercado, a Ser é que tem menos sobreposição com a Laureate, com menor risco de concentração ou de necessidade alguma necessidade de ‘remédio’ como a abdicação de algum mercado”, afirma.
Contudo, em termos financeiros, a Yduqs pode estar mais preparada para ganhar o jogo. “A mais preparada em termos de estrutura de capital para a aquisição seria a Yduqs e não a Ser. A alavancagem da Ser para a aquisição subiria muito, para cerca de seis vezes, até por conta do tamanho de sua geração de caixa. A alavancagem da Yduqs também aumentaria bastante, mas não tanto, ficaria mais perto de 5 vezes”, afirma Marco Saravalle, estrategista da SaraInvest.
Caso a Ser ganhe a disputa, deve sair da oitava posição em número de alunos para a quarta posição. Já a Yduqs, se levar a Laureate, pode desbancar a Cogna do posto de maior em número de alunos e tornar-se a maior empresa de educação do país.