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Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2011 às 11h39.
São Paulo – O imbróglio da fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN está longe de um desfecho. No Brasil, a operação segue sem restrições, mas as autoridades regulatórias do Chile estão reticentes quanto à aprovação. O advogado da aérea brasileira, Juan Gumucio, afirmou em audiência no Chile, que a TAM pode buscar outro parceiro caso a fusão com a LAN seja bloqueada. Segundo analistas, a alternativa mais vantajosa seria uma união com a portuguesa TAP.
A operação entre TAM e TAP traria benefícios para ambas as empresas. Para a brasileira, a união seria uma nova porta de entrada para o mercado europeu por meio de Portugal – onde a TAM não opera regionalmente. “A TAM teria mais distribuição na Europa com estrutura de vendas. A parte de malha não seria preciso aumentar, por conta do codeshare”, avalia o consultor André Castellini.
Com maior força no mercado europeu, a brasileira poderia reforçar sua presença também no mercado doméstico. A TAP opera em nove cidades do Brasil para a Europa. Em 2010, transportou 1,4 milhão de passageiros. “A TAP faz de Lisboa um hub importante de lazer para passageiros que querem voar para o nordeste brasileiro”, aponta Castellini. A portuguesa opera em 65 cidades de 31 países da Europa, África, América do Sul e do Norte.
A compra da TAP também blindaria a Latam de eventuais investidas de outras companhias aéreas. “Como o mercado internacional da TAP é o Brasil, há empresas do Oriente Médio, como Emirate e Qatar, que tentariam comprar a portuguesa para reforçar a presença por aqui”, avalia o consultor Respício Espírito Santo. “Grosso modo a TAP seria uma subsidiária da Latam.”
Para Castellini, porém, a TAM enfrentaria uma dura competição. “Operar na Europa é um desafio. A TAM passaria a concorrer com grandes grupos, além de esbarrar nos sindicatos locais que tem regras diferentes do Brasil”, diz Castellini. Dele discorda Respício: “Com a associação, a TAM ganharia mais proximidade com as autoridades regulatórias, mais força na Star Alliance e possibilitaria um intercâmbio de aeronaves entre as empresas”.
A TAM ainda mantém a liderança no mercado brasileiro, mas a diferença entre a Gol, a segunda colocada, vem diminuindo. A TAP é uma alternativa viável para turbinar sua posição – e seria um bom negócio para a portuguesa. “Se a TAP não fizer alguma coisa, ela vai quebrar e o mercado português não seria atendido”, avalia um analista. Para Respício, a TAP continuaria com sua bandeira. “A marca não seria abandonada e a TAM seria um investidor.”
Segundo Olavo Chinaglia, relator da fusão entre Lan e TAM no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma eventual união com a TAP seria semelhante à operação em curso no momento. “Seria necessário analisar as sobreposições das rotas, mas acredito que não haveria problema. Trata-se de uma grande empresa brasileira com uma estrangeira que não faz voos regionais”, diz.
Há pelo menos três anos especula-se sobre essa união. A TAP está em processo de privatização, por isso não comenta o assunto. Em comunicado, Marco Bologna, presidente da TAM S/A, afirmou: “Estamos confiantes na aprovação da fusão com a LAN pelo TDLC [o Cade chileno] e continuaremos empenhando todos os nossos esforços na criação da LATAM. Na hipótese – improvável, na nossa opinião – de a LAN vir a ser impedida de levar adiante a fusão, continuaremos fiéis à nossa visão e buscando essa consolidação do setor aéreo – que é, como disse, inexorável.”
A brasileira Gol descartou interesse na TAP, pois seu foco principal é o mercado doméstico brasileiro e a América Latina.