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Sem investidores, startup deve faturar milhões com 'remendas' para melhorar a gestão das empresas

Fundada por dois ex-executivos da Sony, a ZNAP já dobrou seu faturamento em três anos e espera manter o crescimento sem aportes externos

Ricardo Junqueira e Luciano de Medeiros, fundadores da ZNAP Technologies (Gladstone Campos/Divulgação)

Ricardo Junqueira e Luciano de Medeiros, fundadores da ZNAP Technologies (Gladstone Campos/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 14h50.

Última atualização em 24 de outubro de 2024 às 16h21.

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Os sócios Ricardo Junqueira e Luciano de Medeiros se encontraram pela primeira vez na sala de entrevistas da Sony Brasil. Eles não sabiam, mas aquele encontro marcaria o início de uma longa trajetória profissional. Junqueira, que foi de estagiário até a presidência da Sony na América Latina, e Medeiros, que se tornou diretor de TI em grandes corporações, enfrentaram juntos os desafios de integrar sistemas de gestão (ERPs) no gigante japonês.

Esses sistemas integram diferentes setores de uma empresa, como finanças, vendas e recursos humanos, mas têm um grande defeito: não conseguem se adaptar totalmente às particularidades de cada negócio. Foi dessa experiência que nasceu a Znap, uma startup criada durante a pandemia, em 2020.

Junqueira e Medeiros desenvolveram uma solução chamada ERP BOOSTER, que ajusta esses sistemas sem precisar modificá-los diretamente. Isso significa que, em vez de substituir o sistema todo, a Znap aplica um “remendo” para corrigir as falhas sem causar grandes mudanças no ERP principal.

A Znap já trabalhou com empresas como a fabricante de macarrão instantâneo Nissin, criando um portal de gestão que automatiza o controle das verbas pagas aos distribuidores. Antes, esse processo era feito manualmente, pois o ERP original não conseguia calcular nem monitorar o uso dessas verbas. Com o novo aplicativo, toda a gestão é feita em tempo real.

Em outro projeto, a Znap aplicou inteligência artificial para automatizar a classificação contábil de mais de 35 mil lançamentos mensais para um cliente. O ERP anterior permitia apenas a classificação manual, enquanto o novo sistema acertou 97% das vezes, superando a precisão das análises manuais e reduzindo o trabalho operacional.

Competidora ou aliada?

Os ERPs ('Enterprise Resource Planning', em inglês) são softwares que integram diferentes áreas de uma empresa, como finanças, produção e recursos humanos, mas sua implementação costuma exigir ajustes e personalizações para atender as regras de negócio de cada organização.

Grandes fabricantes, como SAP, Totvs e Microsoft, criam soluções massificadas, que cobrem até 80% das demandas. A Znap afirma que atua justamente nos 20% restantes, desenvolvendo aplicativos que se integram aos ERPs. “Quando a empresa escolhe um ERP, o nosso objetivo é garantir que o sistema funcione melhor, não importa quem seja o fabricante. Por isso, não somos concorrentes das fabricantes de ERP, mas sim facilitadores”, diz Medeiros.

A Znap deixa claro que quer ser um "parceiro agnóstico" das grandes fabricantes e startups de gestão empresarial, por exemplo, a brasileira Conta Azul. “Nosso diferencial é que não estamos comprometidos com nenhum fabricante de ERP. Isso nos dá liberdade para oferecer o que é melhor para o cliente, sem amarras”, diz.

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Sem pressa por investimento

A Znap quer crescer com recursos próprios, sem receber investimentos externos. “Queremos ter a liberdade de oferecer soluções de verdade para os clientes, sem pressões de investidores por resultados rápidos”, diz Junqueira. Desde 2022, a Znap tem dobrado seu faturamento ano a ano. Em 2023, a startup faturou R$ 2 milhões e pretende alcançar R$ 4 milhões em 2024, impulsionada por uma estratégia de marketing digital mais forte.

Para Medeiros, essa escolha ajuda a manter um crescimento mais sólido. “Acreditamos que uma empresa deve se sustentar com o que ela mesma gera. Não somos contra investidores, mas queremos ter certeza de que nosso modelo funciona”.

Para o futuro, a Znap planeja lançar novos aplicativos e aumentar sua atuação, tanto no Brasil quanto no exterior. Junqueira e Medeiros acreditam que ainda há muito espaço para melhorar como as empresas usam seus sistemas de gestão. "Não queremos substituir os ERPs, mas fazer com que eles funcionem melhor e de forma mais ajustada ao que as empresas realmente precisam", diz Junqueira.

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