Chaminé em plataforma de Petróleo da Petrobras: valores se somam às perdas com a paralisação por duas semanas da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) (Sérgio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 18h58.
Rio - O incêndio ocorrido na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) no último sábado pode resultar em uma despesa adicional de R$ 28,9 milhões por dia à Petrobras com a importação de combustíveis.
O cálculo feito pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) a pedido do Broadcast toma como base a possibilidade de a Petrobras ser obrigada a importar toda a produção de óleo diesel e gasolina da refinaria para atender a demanda doméstica. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a Petrobras informou que vai investigar as causas do acidente.
A agência também garantiu que não há risco de desabastecimento de combustíveis e que a produção deve ser retomada a partir de desta quarta-feira, 8. Caso a previsão se confirme, o volume das perdas chegará a cerca de R$ 120 milhões. A previsão para o recomeço da produção é questionada pelo Sindicato de Petroleiros de Caxias (Sindpetro), que considera o prazo insuficiente para o retorno das operações com segurança.
Nesta segunda-feira, 6, a comissão da Petrobras que investiga as causas do acidente se reuniu na refinaria. "As equipes de manutenção estão trabalhando em ritmo muito acelerado, mas é muito difícil cumprir o prazo. A empresa quer consertar metade e retomar a produção logo, para depois finalizar os reparos. Os operários ficariam sem backup de segurança", afirma o presidente do sindicato, Simão Zanardi, que integra a comissão que apura as causas do incêndio.
O grupo deverá apresentar em 15 dias um relatório preliminar sobre as causas do incêndio do último sábado. A análise inicial indica para um vazamento em uma das bombas da unidade. Pela manhã, houve uma mobilização de trabalhadores contra as condições de segurança.
Prejuízos
Os valores se somam às perdas com a paralisação por duas semanas da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, no Paraná, no final de novembro. A interrupção exigiu da Petrobrás um gasto extra de aproximadamente R$ 520 milhões com a importação de gasolina e diesel. Juntas, as refinarias respondem por mais de um quarto da capacidade total de refino do Brasil.
De janeiro a setembro de 2013, a área de Abastecimento da Petrobras acumulou prejuízo de R$ 12,3 bilhões por conta dessa defasagem de preços. A empresa não tem reajustado o preço dos combustíveis no mesmo ritmo da variação dos custos da importação de gasolina e diesel, o que aumenta o prejuízo da estatal na operação de venda de combustíveis.
Ontem, as diferenças entre os preços da gasolina e do diesel vendidos no Brasil e os valores praticados no Golfo dos Estados Unidos, sem impostos, estão em 25,1% e 15,5%, respectivamente. Os cálculos são da consultoria Tendências.
"A princípio o impacto (do acidente) não deve ser grande. A principal consequência para a Petrobras é a possibilidade de serem criadas regras mais rígidas em relação à manutenção de refinarias", destacou Walter de Vitto, analista da consultoria.
Esse cenário já começa a se confirmar. Em dezembro, a ANP aplicou uma multa de R$ 151 mil à Petrobras devido à operação acima da capacidade das unidades de coqueamento da Refinaria de Paulínia (Replan), no interior de São Paulo. A multa se refere ao período de cinco anos, quando houve operação acima da capacidade determinada pela agência.
"A gestão temerária para tentar diminuir as perdas de caixa resultou nesses acontecimentos", destacou Adriano Pires, presidente do CBIE. "A Petrobras era muito comprometida com a segurança de seus ativos. A empresa operando com níveis muito elevados aumenta os riscos. A refinaria precisará ser interrompida e o acidente pode custar mais caro do que a manutenção."