Sem antibiótico, nem hormônio: fabricante acredita que produto não concorrerá com outros de frango convencional (Divulgação Seara/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2015 às 10h50.
São Paulo – Há dois anos a Seara investe em uma linha de frangos sem antibióticos, hormônios e conservantes – produtos que chegam às gôndolas dos supermercados nesta semana.
A empresa, que pertence ao Grupo JBS, ampliou e adaptou uma granja no interior de São Paulo especialmente para cuidar de toda a cadeia de produção, do ovo ao abate, da novidade.
O cuidado com o manejo das aves, treinamento de pessoas e processo em granja exclusiva fará com que os DaGranja custem cerca de 40% mais que os frangos convencionais da Seara.
Ainda assim, a empresa acredita que a concorrência não deve atrapalhar.
“Há espaço para os dois tipos de consumo e, com os itens DaGranja, queremos atender os consumidores que querem itens leves, saudáveis e práticos”, diz a Joanita Maestri Karoleski, presidente da JBS Foods a EXAME.com.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista sobre os investimentos na nova linha.
EXAME.com – Por que lançar uma linha sem antibióticos, sem hormônios e sem conservantes apenas agora?
Joanita Maestri Karoleski – Há uma tendência mundial de buscar produtos mais saudáveis e naturais e nós, como líderes mundiais na fabricação de frangos, estamos trabalhando há tempos em um processo que garanta isso.
EXAME.com – Há quanto tempo a empresa investe nessa nova empreitada?
Karoleski – Há dois anos criamos uma plataforma e estamos trabalhando toda a cadeira de produção para esse novo desafio. Em paralelo, desde que compramos a Seara (em 2013) associamos a marca a uma mulher contemporânea, mais moderna e saudável.
EXAME.com - Quanto foi investido na nova linha?
Karoleski – Não podemos abrir essa informação. A granja onde a linha será feita fica em Amparo, no interior paulista, já existia, mas foi moldada para esse processo que é bem diferente e que foi criado do zero.
EXAME.com - Qual a expectativa de venda ou de retorno de investimento dessa nova linha?
Karoleski – Também não podemos comentar sobre isso, porque tudo é muito novo e para nós é estratégico. Os produtos já estão nas gôndolas de grandes e médias varejistas de todo país.
EXAME.com - Quanto os produtos serão mais caros que os frangos convencionais da Seara?
Karoleski – Estimamos um preço 40% maior em relação ao frango convencional. Trabalhamos bastante nos pontos de vendas para deixar claro os benefícios da nova linha em comparação aos produtos de frango convencionais.
EXAME.com - Como farão com que os DaGranja não concorram com os demais da Seara?
Karoleski – Achamos que os produtos não vão se contrapor porque há espaço para os dois no mercado e porque eles são destinados a públicos distintos.
O que pode acontecer é aumentar a demanda por frango de uma maneira geral. A Seara conta hoje com 50 itens diferentes de frango, desde resfriado a congelado, inteiro, caipira, assa fácil. Há opção para todos os gostos.
EXAME.com – Qual a expectativa de crescimento do segmento no país para este ano?
Karoleski – É esperado um crescimento de 2% a 3% do consumo doméstico de frango no Brasil para este ano. Nosso crescimento deve ficar um pouco acima disso.
EXAME.com – As pessoas costumam comprar mais frango, por ser mais barato, em momentos de aperto econômico, como o atual?
Karoleski – O crescimento de demanda por proteína acontece de forma equilibrada, mesmo na crise. O que percebemos nos últimos tempos é um aumento de itens que ofereçam praticidade e saúde. Como temos produtos de cortes diferentes, conseguimos atingir mais consumidores.
Nos últimos dois anos lançamos 100 produtos para varejo, uma boa parte deles em produtos funcionais, de hambúrguer, a pratos prontos e lasanhas.
EXAME.com – Sobre a JBS, qual a expectativa da companhia para este ano e 2016?
Karoleski – A tendência é fechar o ano, mesmo olhando o varejo retraído, com crescimento porque achamos que conseguimos fazer diferente e crescer, mesmo na crise.
EXAME.com - Hoje 85% da receita da JBS é em dólar, com exportação e operações fora do país. Com a retração no país e moeda desvalorizada, há uma tendência de deixar o país de lado?
Karoleski – De forma alguma. Exportamos muito do que produzimos no Brasil, mas sabemos que há muito o que crescer no mercado brasileiro ainda.
Os investimentos em mídia, lançamentos de produtos e melhoras de operação são prova disso.