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Se Eike for para Alemanha, fica difícil trazê-lo, diz procurador

Empresário tem nacionalidade alemã, e o país não extradita os próprios cidadãos

Eike Batista: para procurador, é essencial prender o empresário antes que ele chegue à Alemanha (Douglas Engle/Bloomberg)

Eike Batista: para procurador, é essencial prender o empresário antes que ele chegue à Alemanha (Douglas Engle/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 09h59.

Última atualização em 27 de janeiro de 2017 às 11h06.

Rio — O professor de direito penal internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e procurador regional da República Artur Gueiros considera que será "muito difícil" trazer Eike Batista, que tem dupla nacionalidade brasileira e alemã, de volta para o Brasil, caso ele vá para a Alemanha, país que não extradita seus nacionais.

O fato de Eike estar no exterior, neste momento, possibilita que ele não seja preso?

Sim. Dentro desse quadro, há o risco da não aplicação da lei penal brasileira pelo fato de ele estar fora do Brasil e ter nacionalidade alemã. Se ele realmente estiver nos Estados Unidos, a Interpol, que o incluiu na lista vermelha, pode prendê-lo e extraditá-lo. Agora, é uma corrida contra o tempo. É fundamental que evitem que ele vá para Alemanha.

E se ele for para a Alemanha?

Nesse caso, vai ser muito difícil trazê-lo, porque a Alemanha não extradita nacionais. O governo brasileiro até poderia tentar uma extradição por vias diplomáticas. Mas a repercussão negativa da situação carcerária no Brasil, com as rebeliões, pode ser um elemento contra.

Como fica a situação com ele nos EUA?

Se ele for capturado, pode ser deflagrado um processo de extradição dele para o Brasil. Fora da Alemanha, ele não tem nenhuma proteção. Também há a possibilidade de a promotoria americana resolver instaurar uma investigação sobre os fatos da Lava Jato e abrir um processo criminal contra ele. É possível que haja esse interesse devido à dimensão dos seus negócios, inclusive internacionais. O pior lugar do mundo fora do Brasil para ele estar, neste momento, é os EUA, porque eles têm essa permissão de perseguir criminalmente práticas corruptas no mundo inteiro.

A decisão de prendê-lo foi do dia 13 de janeiro, mas a PF só deflagrou a operação ontem. Houve erro nesse tempo?

Isso aconteceu devido à profundidade dessa operação, que é complexa porque envolve muitos mandados de prisão e de apreensão. Mas já acompanhei casos em que houve monitoramento em tempo real do acusado. Não sei o que aconteceu, se dessa pessoa é difícil fazer esse monitoramento em tempo real, se ela não usa o telefone.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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