A Scania vendeu 9.826 caminhões entre janeiro e agosto de 2010 (Arquivo/ANTONIO MILENA)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Bernardo, São Paulo - A sueca Scania prevê que as vendas de caminhões pela indústria brasileira em 2011 fiquem estáveis ou um pouco acima das 140 mil unidades previstas em 2010.
A empresa dedica atenção especial aos caminhões para o transporte de minério e oferta de serviços para os veículos que vende no país.
"O mercado brasileiro no próximo ano deve ficar estável ou ligeiramente acima das vendas deste ano... Está faltando caminhão no Brasil", afirmou o presidente da operação brasileira da Scania, Christopher Podgorski, à Reuters nesta quarta-feira, após encontro com analistas em São Bernardo do Campo.
"O crescimento que o setor está registrando nos últimos dois anos ocorreu mais por ampliação que renovação de frota. Acreditamos que, por isso, para o ano que vem teremos antecipações de compras no primeiro semestre", acrescentou.
Segundo Podgorski, além dos próprios incentivos do governo, as vendas de caminhões no Brasil estão sendo impulsionadas pelos altos investimentos em infraestrutura e pela expansão de setores como mineração, açúcar e álcool e celulose.
"A maioria dos segmentos onde a Scania comercializa estão mostrando força... O governo está tomando as medidas certas para manter a atividade econômica e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) está mais maduro e apresentando os primeiros resultados", disse o executivo.
"Além disso, os eventos esportivos (Copa Fifa de 2014 e Olimpíadas de 2016) vão gerar mais investimentos em transporte e logística."
A Scania --que em caminhões no Brasil está mais dedicada aos modelos pesados, com capacidade para cerca de 50 toneladas-- também está buscando outros segmentos, como o de semipesados, onde as marcas mais fortes são Mercedes-Benz e MAN.
"Queremos entrar em outros segmentos como forma de proteção. Mas não estamos buscando volumes e participação de mercado apenas. Queremos um equilíbrio com a lucratividade", disse o executivo, sem detalhar datas.
A companhia vendeu no primeiro semestre um recorde de 7.587 caminhões no Brasil e espera um segundo semestre no mesmo nível de desempenho.
Considerando as vendas de janeiro a agosto, a Scania comercializou 9.826 unidades no país, um crescimento de 127 por cento sobre o fraco período de um ano antes. No geral, a indústria vendeu no país 98.921 mil caminhões nos oito primeiros meses do ano, de semileves a pesados, expansão anual de 55 por cento.
Pacote Completo
A Scania, presente no Brasil desde a década dos anos 1960, está apostando na oferta de um pacote completo aos clientes, incluindo serviços como assistência técnica e financiamento.
A companhia iniciou recentemente operação de seu banco para financiar veículos que custam centenas de milhares de reais em um momento em que a proporção de vendas da América Latina no total da companhia superou o percentual registrado na Europa Ocidental.
No primeiro semestre, 33 por cento das vendas da empresa ocorreram na América Latina, enquanto 31 por cento na Europa. Historicamente, a média latino-americana é de 15 por cento.
Diante das fortes perspectivas de crescimento da América Latina e da indústria de matérias-primas, a Scania está se concentrando em veículos para o transporte de minério, onde o uso intensivo de seus caminhões abre espaço para oferta de serviços.
Um dos maiores clientes da montadora é a Vale, a quem vendeu nos últimos três anos cerca de 1 mil caminhões, disse Podgorski, acrescentando que o setor de mineração contribui com 16 por cento das vendas em volume da Scania no Brasil.
"As margens de mineração são semelhantes às dos caminhões de longo percurso, mas quando se inclui consumo de peças durante o ciclo de vida, os números podem ser multiplicados por três", afirmou.
No Brasil, a Scania tem uma capacidade de produção de 22 mil veículos por ano que pode ser ampliada para 30 mil sem grandes investimentos, disseram representantes da empresa.
Atualmente, a montadora também faz testes de comercialização de ônibus urbanos articulados movidos a etanol, mas os executivos não comentaram quando uma venda em massa do produto poderia começar.
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