SAP: em entrevista, presidente para a AL afirmou que a a complexidade da região é maior desafio e oportunidade (Divulgação/Facebook/SAP)
Karin Salomão
Publicado em 22 de janeiro de 2016 às 14h16.
São Paulo – De sistemas para a saúde ao comércio eletrônico, passando por negócios na nuvem, a SAP abrange de empresas bilionárias a pequenos empreendimentos.
Essa complexidade é, ao mesmo tempo, o maior desafio e a maior oportunidade para a empresa, segundo Claudio Muruzábal, presidente para a América Latina. Para alcançar todo o mercado, a empresa de tecnologia investiu em desenvolvimento, sistemas na nuvem e em aquisições.
"Precisamos encontrar o melhor foco, os melhores produtos para cada negócio", afirmou ele, em sua primeira entrevista no Brasil desde que assumiu o cargo, em agosto de 2015.
Ao mesmo tempo em que busca conquistar grandes clientes - a Embraer é uma das empresas que aderiram aos sistemas da SAP em 2015 - a companhia de softwares também está atraindo outros perfis.
Hoje, as pequenas e médias empresas já são responsáveis por 80% do total de clientes. O movimento para atingir empreendimentos menores - que para a SAP são aqueles com menos de mil funcionários e faturamento inferior a 1 bilhão de dólares - começou em 2013.
"Temos como foco alcançar todo o mercado. São contas muito diferentes, desde empresas bem pequenas às gigantes", diz Muruzábal, em entrevista exclusiva.
Segundo o presidente, a América Latina é “uma região de alto nível, paralela à Europa e à América do Norte".
Para conseguir alcançar todos esses clientes, a empresa investiu em sistemas mais modernos e eficientes, com foco na nuvem, e em aquisições. Desde 2007, a SAP adquiriu 10 companhias em todo o mundo, cerca de uma aquisição por ano.
A nova versão do sistema HANA, chamada de S/4HANA, já tem mais de 2.700 clientes. Segundo Muruzábal, a América Latina foi responsável por boa parte dessas aderências.
Apesar da situação econômica não ser a mais favorável no continente, sendo afetada principalmente pela crise no Brasil, a SAP conseguiu avançar na região.
"Não vou dizer que a crise não nos afeta", afirma Muruzábal. "O mercado está encolhendo e outros players estão vendo reduções em seus faturamentos, mas mesmo assim nós estamos crescendo dois dígitos", disse.
Para ele, enquanto algumas companhias adiam grandes investimentos em tecnologia por conta do cenário ruim, outras fazem justamente o contrário. "Muitas estão abraçando ainda mais investimentos em tecnologia para serem mais competitivas", diz ele.
Ele diz que algumas companhias estão aproveitando o momento difícil para ganhar terreno sobre a concorrência, seja expandindo ou exportando mais. "O mercado é exigente, por isso as empresas buscam mais eficiência", o que possibilitou crescimento da SAP, diz o executivo.
Globalmente, o lucro operacional da empresa aumentou 13% no ano passado em relação ao ano anterior, atingindo 6,35 bilhões de euros.
As receitas de novos clientes para os serviços de nuvem mais do que dobraram, crescendo 103% e atingindo 883 milhões de euros no ano. As receitas com mensalidades e suporte para os sistemas na nuvem cresceram 45% em 2015, atingindo 3,7 bilhões de euros no ano.
Já na Amércia Latina, o faturamento de sistemas na nuvem e softwares cresceu 27%, enquanto os ganhos vindos de mensalidades e suporte cresceram 89%.
O crescimento no Brasil foi de dois dígitos, informa a companhia, "em meio a um ambiente macroeconômico que continua instável".
Para o diretor financeiro global da empresa, Luka Mucic, "Nossos resultados tremendos em 2015 validam nossa estratégia de inovar ao redor do nosso centro, os sistemas na nuvem e as redes de negócios, para ajudar nossos clientes a serem empreendimentos verdadeiramente digitais".
Por conta desse forte crescimento, a empresa elevou suas expectativas de faturamento para 2017, de 4 bilhões de euros para a divisão de sistemas na nuvem.