Fatia maior: Santander conta com 13% da participação do mercado de cartões atualmente (Divulgação/iZettle)
Tatiana Vaz
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 15h58.
Última atualização em 24 de novembro de 2016 às 11h20.
São Paulo - Com milhões de usuários, a startup Nubank e o aplicativo GuiaBolso apresentaram ao mercado uma nova realidade de cartões de créditos e finanças pessoais. Nela, as pessoas têm mais controle, fácil acesso e atendimento personalizado.
Dos grandes bancos de varejo, o Santander parece ter sido o primeiro a entender isso, com iniciativas claras – e inovadoras para o setor – de como pretende desbravar esse novo cenário.
O banco anunciou dois novos cartões, o Play, direcionado a jovens, e o 1/2/3, para pessoas que tenham renda mínima de R$ 1.500 mensais e façam muitas transações online.
O primeiro substitui o FIT destinado a universitários “porque os jovens de dez anos não são os mesmos de hoje”, explicou Rodrigo Cury, superintendente executivo de Cartões do Santander.
Com anuidade de R$ 19,50, o Play deixa universitários com gastos de R$ 50 mensais isentos de tarifa e dá a eles a liberdade de gerirem seus limites, conforme a relação com o banco avança.
Já o 1/2/3 tem uma tarifa de R$ 384 anuais, que cai pela metade se os gastos mensais forem de R$ 1.000 por mês. Os pontos são escalonados de forma progressiva, conforme os valores das transações, sendo US$ 1 em compras dentro do país vale 1 ponto de bônus, US$ 1 em compras online viram 2 pontos e US$ 1 gastos no exterior viram 3 pontos.
“A ideia das novidades é dar mais opções aos consumidores mais digitais, que buscam escolhas mais convenientes com o modo de vida atual e sejam mais competitivas”, contou Cury.
As mudanças mostram uma quebra de paradigma do banco – e, quem sabe, do próprio mercado: as pessoas não são mais avaliadas por renda, mas sim pela forma como consomem.
O controle de limites é outra inovação, pois torna mais transparente a relação do banco com os clientes. Quanto mais esses compram e pagam em dia, maior credibilidade (e crédito) têm.
“O cliente consegue a própria gratuidade à medida que ele mantém uma relação melhor com o banco”, disse Cury. As novidades chegam ao mercado no dia 28 de novembro.
Caminho próprio
Além dos cartões, o Santander anunciou um aplicativo que chamou de “uma nova maneira de se relacionar com as pessoas e delas se relacionarem com os cartões do banco”.
O Santander Way já está disponível desde ontem gratuitamente para todos os correntistas e não correntistas do banco que usam cartões Santander e tenham um smartphone.
Por meio dele, é possível que os clientes controlem suas contas por tipos de compras feitas, detalhem as transações e confiram os pontos gerados por cada uma. É possível fazer a gestão de vários cartões Santander ao mesmo tempo. Um gráfico mensal mostra o histórico de consumo para facilitar a gestão de orçamento, assim como faz o GuiaBolso.
Decisões como limite de crédito e autorização de uso internacional podem ser resolvidas com um só clique, bem como pedido de segunda fatura, cartão adicional ou aviso de perda e roubo – facilidades feitas até então pelo callcenter.
“As pessoas hoje querem resolver essas questões da maneira mais simples possível”, comentou Cury. A estimativa é que os atendimentos pelos canais físicos caiam pela metade a curto prazo com ajuda da novidade.
Até março de 2017, outras funcionalidades serão inseridas. Entre elas, a de de carteira digital para pagamentos por aproximação em lojas físicas e sem a necessidade de fornecer dados pessoas no comércio virtual.
Visualmente a plataforma é bem parecida com a do Nubank, ainda que Cury tenha dito que banco não tenha se espelhado na startup para criar sua solução.
“Sabemos os clientes queriam uma experiência melhor com cartões há tempos”, disse ele.
A plataforma foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar do Santander de maio a novembro, no 4º andar da sede do banco, na capital paulista.
Diferente do clima dos demais andares da torre, ali é comum ver executivos de calça jeans, jogando basquete e discutindo possibilidades de novos produtos e serviços.
“O clima é descontraído como de uma startup e a intenção é realmente essa: pensar como uma ter mais inovação e agilidade de decisões”, contou o executivo.
A rapidez com que o aplicativo foi criado, testado e colocado no ar por essa turma é uma prova de que a estratégia pode dar certo.
Hoje o banco conta com uma carteira de 15 milhões de cartões de crédito – e de 13% de participação do setor no país. A fatia era de 9% dezoito meses atrás.