Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2015 às 09h47.
São Paulo - Três meses após a aprovação da fusão entre Rumo e América Latina Logística (ALL), o mercado dá sinais de que a euforia sobre o negócio já passou e começa a cobrar resultados da nova companhia.
Nesta terça-feira, 12, o balanço de resultados combinado das duas empresas referente ao primeiro trimestre mostrou um prejuízo líquido de R$ 226,2 milhões, ante um lucro líquido combinado de R$ 27,7 milhões de janeiro a março de 2014.
"O cenário de curto prazo para a Rumo ALL dá mostras ainda de que terá pouca margem para crescimento de capacidade. A ALL já tem um histórico de não gerar caixa. O desafio dos novos gestores será grande. Os controladores terão de fazer, em algum momento, aumento de capital na companhia", afirmou à reportagem uma fonte do mercado financeiro.
Outras fontes ouvidas também reforçaram a necessidade de aporte.
No primeiro trimestre, a operação combinada de Rumo e ALL movimentou R$ 970,1 milhões, queda de 1,2% sobre os R$ 982,4 milhões do ano anterior.
Já os custos aumentaram 15,4%, para R$ 702,6 milhões. Com isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 33,8%, para R$ 311,5 milhões.
Separadamente, a ALL registrou prejuízo líquido de R$ 229 milhões no primeiro trimestre, revertendo o lucro de R$ 7,2 milhões do mesmo período do ano passado.
O Ebitda totalizou R$ 255,2 milhões, baixa de 37,4% na mesma comparação, enquanto a margem Ebitda caiu 16,8 pontos porcentuais, para 30,3%.
A receita líquida da companhia recuou 2,6% nos três primeiros meses deste ano sobre igual intervalo de 2014, para R$ 842,7 milhões.
Procurada, a Cosan, maior acionista da Rumo ALL, nega que haja intenção de aumentar o capital da companhia.
O diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, José Cezário, indicou que a Rumo ALL, que está sob nova administração desde início de abril, está analisando alternativas e oportunidades para reduzir a necessidade de caixa da empresa e otimizar a estrutura de capital da companhia.
"Imaginamos que, nos próximos trimestres, o consumo (de capital de giro) não vá continuar no mesmo patamar, o que obviamente vai depender de algumas questões que estamos analisando e buscando alternativas para otimizar o uso do capital de giro da empresa", disse.
O balanço de resultados do segundo trimestre já mostrará a incorporação das duas empresas.
Segundo fontes, o baixo desempenho das ações indica que não é melhor momento para que haja um aporte de capital na nova empresa. No ano, as ações da ALL acumulam queda de 4,75% e as da Rumo têm baixa de 30%.
Alavancagem
A dívida bruta combinada da Rumo e da ALL encerrou o primeiro trimestre em R$ 7,759 bilhões, alta de 2,4% frente aos R$ 7,578 bilhões que teriam sido anotados no encerramento de 2014, dos quais 57% são de curto prazo.
Segundo Cezário, considerando a recente emissão de debêntures pela Rumo, para quitar antecipadamente emissões que poderiam ter o vencimento antecipado por causa de não cumprimento de covenants (metas de endividamento), as dívidas de curto prazo recuam em 37%. A alavancagem da companhia combinada encerrou março em 4,9 vezes dívida líquida/Ebitda, ante 3,9 vezes um ano antes.
"Os resultados do primeiro trimestre fornecem evidências de que o caso de investimento da ALL Rumo é uma história de reviravolta que vai exigir expansão de capacidade, ganhos de escala e eficiência de custos para conquistar a lucratividade", disseram os analistas do Brasil Plural Rogério Araújo, Italo Ferrara e Lucas Barbosa, em relatório.
Analistas do Credit Suisse consideraram que o foco dos investidores segue em marcos positivos para o futuro, como a renovação das concessões e a devolução de trechos não rentáveis, além de questões financeiras como a captação de dívida.
Ao mercado, executivos da Rumo ALL deram uma sinalização positiva para a renovação das concessões da ferrovia, tendo em vista a perspectiva de que o governo lançará novas concessões com cobrança de outorga, em um modelo em linha com os contratos atuais.
As negociações da Rumo ALL para renovação das concessões ferroviárias ainda estão em andamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.