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Rival da AliExpress, Wish testa logística para acelerar entregas no Brasil

Empresa americana testa novo negócio no Brasil, seu segundo maior mercado em número de usuários

Wish, empresa americana de comércio eletrônico (Chesnot/Getty Images)

Wish, empresa americana de comércio eletrônico (Chesnot/Getty Images)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 09h32.

A Wish, empresa americana de comércio eletrônico, está testando um novo modelo de logística para o mercado brasileiro para diminuir o tempo de entrega no Brasil. A companhia criou o Wish Post, iniciativa que consolida os pedidos em armazéns na China, Europa e América do Norte antes de enviar os pacotes para os consumidores.

Os testes desse novo serviço estão começando pelo Brasil, o segundo maior país para a plataforma em número de usuários, atrás dos Estados Unidos.

A Wish é conhecida por oferecer produtos de moda, eletrônicos e para casa a preços bastante baixos. Em 2019, a Wish atingiu 119 milhões de usuários ativos mensais e vende mais de um bilhão de produtos por ano. Atualmente, cerca de 85% dos vendedores na plataforma são asiáticos. 

O marketplace vende itens de mais de 1 milhão de vendedores diferentes e, para deixar a operação mais leve e barata, o próprio vendedor envia seus pedidos para o consumidor.

Mas a falta de uma estrutura logística mais robusta causa outros problemas. Até então, ao comprar itens de diferentes lojistas, o consumidor recebia pacotes individuais, pagava o valor do frete de cada encomenda e, no caso do Brasil, uma taxa aos Correios. 

Programa local

Agora, esses pedidos são consolidados pela Wish e a taxa dos Correios já é incorporada ao preço do frete, por meio de uma parceria entre a empresa e a estatal brasileira. Com a operação, o tempo de entrega, em média de 35 a 60 dias, deve cair de 25 a 40 dias.

“Começamos a gerenciar a logística por conta própria”, diz Glenn Lehrman, vice-presidente de comunicações da Wish.

O Brasil também será o primeiro país a testar um programa local da Wish, para incorporar lojistas brasileiros em sua plataforma. A ideia é tanto vender diretamente brasileiros - e reduzir ainda mais o custo e o tempo de entrega - quanto exportar para outros países. 

No futuro, a ideia é usar as lojas parceiras para retirada das compras em loja, como as varejistas brasileiras já fazem, e permitir até pagamento em dinheiro para quem não tem acesso a cartão de crédito internacional ou a uma conta bancária.

Executivos da Wish, empresa de comércio eletrônico: Glenn Lehrman, vice-presidente de comunicações da Wish, e Nicola Azevedo, diretor da Wish para as Américas (Wish/Divulgação)

Tempo e custo

Para Nicola Azevedo, diretor da Wish para as Américas, eliminar os intermediários, como transportadoras, estoques ou empresas de centros de distribuição, reduz o custo da operação e dos produtos. Com preços mais baixos, a Wish espera ser um comércio eletrônico mais acessível e alcançar a população que hoje não compra pela internet. 

O custo é um grande atrativo para a empresa. Para conquistar clientes, a Wish chegou a oferecer itens apenas pelo custo de entrega e investiu fortemente em anúncios nas redes sociais. As despesas de marketing, porém, eram muito altas e, muitas vezes, os consumidores não voltavam a comprar na plataforma. 

Azevedo acredita que a demora na entrega pode ser um dos motivos para a menor recorrência de compra do consumidor brasileiro, principalmente em um momento em que empresas locais, como as brasileiras Magazine Luiza, Via Varejo e B2W investem para reduzir o tempo de entrega e oferecer alternativas como retirada em loja.

“Alguns consumidores aceitavam pagar mais barato por um produto que demoraria mais tempo para chegar. Hoje o imediatismo é maior e queremos que o cliente não tenha que escolher entre preço e tempo”, diz Lehrman

O tempo de entrega não deve se igualar ao de concorrentes como a Amazon, com entregas que podem chegar em até duas horas para assinantes Prime. Para o executivo, a Wish busca ser mais acessível e seus consumidores não aceitariam pagar o preço da assinatura. 

“Melhorar a logística pode nos ajudar a aumentar o retorno dos consumidores e o crescimento orgânico. Vamos investir menos em marketing e mais em logística”, afirma o executivo. 

Não é chinesa

A Wish foi criada em 2010, pelo polonês Peter Szulczewski, em San Francisco, Estados Unidos. A Wish tem 700 funcionários em escritórios espalhados em San Francisco e Seattle, nos Estados Unidos, Toronto no Canadá e na China. Ela possui centros de distribuição na Europa, na Ásia e na América do Norte. 

Em agosto do ano passado, a Wish recebeu cerca de 300 milhões de dólares em investimentos em sua maior rodada de investimentos até então. O principal investidor foi o General Atlantic e o aporte avaliou a companhia em mais de 11,2 bilhões de dólares.

O faturamento da Wish em 2019 foi de mais de 2 bilhões de dólares, ante receitas de 1 bilhão de dólares há dois anos. 

No Mercado Livre, o volume geral de vendas em 12 meses até setembro de 2019 foi de 13,3 bilhões de dólares. Na Amazon, as vendas de produtos, descontando receitas com serviços, foram de 154,6 bilhões de dólares. Já no Alibaba, o volume geral de vendas transacionado em seus marketplaces foi de 853 bilhões de dólares no ano fiscal de 2019, que se encerrou em março.

Uma das preocupações da companhia é ser confundida com uma empresa chinesa, como o Aliexpress, já que mais de 85% dos fornecedores vê da Ásia. 

A Wish investe em inteligência artificial para identificar produtos falsificados. Chegou a oferecer produtos e descontos a consumidores para identificarem produtos falsos, com qualidade ruim ou incompatíveis com os anúncios, segundo a Forbes. Combater pirataria é especialmente importante agora, quando a empresa busca vender mais produtos de marcas conhecidas.

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