iPhone: a Apple aposta alto na maior modificação do iPhone na era pós-Steve Jobs (Aly Song/Reuters)
Maurício Grego
Publicado em 8 de setembro de 2017 às 17h07.
Última atualização em 12 de setembro de 2017 às 13h37.
Os novos modelos de iPhone da Apple devem vir com telas enormes e vibrantes, carregamento remoto e outras tecnologias de ponta. Mas os consumidores na China já podem obter esses recursos em outros aparelhos — e sem se assustar com a etiqueta de preço.
Os consumidores do maior mercado de telefonia móvel do mundo estão acostumados a obter a tecnologia mais avançada com os aparelhos da Huawei, da Oppo e da Xiaomi.
Isso torna mais difícil para a Apple convencer os clientes saciados de que vale a pena pagar um preço muito maior só para combinar esses atributos a seu software.
Esse é um problema para a Apple no mercado mais importante para a gigante de Cupertino fora de seu país de origem. Embora a companhia adote um modelo global que tem funcionado bem, as fabricantes chinesas se tornaram competentes na criação de tecnologias e adaptam os telefones às preferências locais, como compatibilidade com dois cartões SIM.
Em uma demonstração de confiança, a Huawei Technologies, a Xiaomi e provavelmente a Vivo — longe de serem favoritas ou de evitarem o iPhone, como os malabarismos que os estúdios cinematográficos fazem com os principais lançamentos do verão — estão encarando de frente a empresa dos EUA e programaram que seus novos produtos coincidam com a avalanche de publicidade que envolverá o lançamento da Apple do dia 12 de setembro.
Depois de seis trimestres consecutivos de queda das vendas na Grande China e de um aumento no preço das ações devido às expectativas para o dispositivo do 10º aniversário, há muito em jogo.
“Vivo, Oppo e Huawei representam um desafio, elas podem desbancar a Apple em mercados de alto nível com preços em torno de US$ 500, embora a Apple continue dominando o segmento de altíssimo nível, com preços a partir de US$ 600”, disse Kiranjeet Kaur, analista da consultoria do setor IDC. “Não esperamos um grande crescimento, porque o mercado chinês está muito saturado. A maior demanda pelo novo iPhone virá do mercado de reposição.”
A Apple aposta alto na maior modificação do iPhone na era pós-Steve Jobs, e especula-se que o novo aparelho principal custará cerca de US$ 1.000.
Na próxima terça-feira, a empresa revelará três novos modelos do dispositivo que inaugurou a era do smartphone moderno, ao lado de uma Apple TV mais potente e de um relógio que pode se conectar a redes de dados celulares LTE, informou a Bloomberg.
No entanto, agora mais do que nunca, a China possui um grupo de campeões de tecnologia que já conquistou os consumidores, usando não apenas dispositivos com muitos recursos, mas também atualizações de produto mais rápidas, e empurrou a Apple para o quinto lugar no último trimestre.
A receita da empresa na Grande China, que inclui Hong Kong e Taiwan, caiu 10 por cento no último trimestre — a única região a sofrer um declínio em relação ao ano anterior. Embora a receita tenha permanecido praticamente inalterada na China continental, a Counterpoint considera que o iPhone tem uma participação de 80 por cento no mercado de dispositivos de mais de US$ 600 e as vendas estão crescendo nas zonas urbanas.