Extração de minério de ferro da Rio Tinto: mais uma batalha entre as mineradoras (Anthony B. Bannister/RIO TINTO/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 07h51.
Melbourne - A mineradora anglo-australiana Rio Tinto apresentou oferta de 3,5 bilhões de dólares pela rival focada na África Riversdale Mining, cujas ações disparavam 16 por cento, dando início a uma potencial batalha de aquisição.
O movimento da Rio Tinto pode desencadear uma guerra de ofertas, considerando que a Riversdale possui projetos de carvão coque em Moçambique que poderiam suprir de 5 a 10 por cento do mercado global dos principais produtos siderúrgicos.
A Vale é vista por analistas como a mais provável a fazer uma oferta rival, considerando que a companhia brasileira já possui minas de carvão no entorno de Moçambique. A indiana Tata Steel, principal acionista da Riversdale, também é apontada como candidata a uma proposta.
Xstrata, Anglo American e Peabody Energy também poderiam estar interessadas na mineradora. A BHP Billiton, que exporta carvão coque, é vista como a menos provável interessada, por já possuir suas próprias opções de crescimento na Austrália.
O quarto maior acionista da Riversdale, a empresa de investimentos australiana LinQ Management, espera que a companhia seja fortemente disputada, dada a escassez de ativos de carvão coque de qualidade e a aquecida demanda da China e da Índia pela commodity.
"Está em uma localidade favorecida para acessibilidade, e achamos que há vasto potencial de maior crescimento para qualquer interessado em comprá-la. Tenho esperanças de que haverá outros interessados apresentando propostas", afirmou Clive Donner, diretor da LinQ Management.
No domingo, o jornal britânico The Sunday Telegraph, citando fontes anônimas, afirmou que a Rio Tinto estava oferecendo cerca de 15 dólares australianos por ação pela Riversdale, avaliada em 3,5 bilhões de dólares australianos (3,48 bilhões de dólares), prêmio de apenas 6 por cento sobre a cotação de fechamento das ações da empresa na sexta-feira.
Ao confirmar a informação, a Riversdale sugeriu estar em conversações com outras companhias.
"Enquanto as negociações com a Rio Tinto têm prosseguimento, não há garantia de que a Rio Tinto ou qualquer outra parte seguirá adiante com qualquer proposta de aquisição da Riversdale", afirmou a mineradora australiana.
A Rio Tinto se recusou a comentar o comunicado. Uma aquisição marcaria a primeira aquisição significativa da Rio Tinto desde a aquisição da Alcan por 38 bilhões de dólares, ocorrida no auge do boom das commodities em 2007, que forçou a empresa a vender mais de 13 bilhões de dólares em ativos para reduzir dívida.
A Rio terá que pagar bem mais que 3,5 bilhões de dólares australianos (3,48 bilhões de dólares) para ganhar apoio dos três principais acionistas da Riversdale: Tata Steel, Companhia Siderúrgica Nacional (que até o início do ano possuía cerca de 16,3 por cento da empresa) e o fundo de hedge Passport Capital, que juntos têm mais da metade da empresa, disseram analistas.
"Não apenas somente ela terá que pagar um grande ágio por ela, como provavelmente haverá outras ofertas", disse Hayden Bairstow, analista da CLSA.
O projeto Zambeze da Riversdale possui 9 bilhões de toneladas de recursos certificados, uma das maiores reservas não desenvolvidas de carvão coque no mundo. A empresa também detém 65 por cento do projeto vizinho Benga. A companhia está envolvida na finalização de um acordo para dar à chinesa Wuhan Iron & Steel uma participação de 8 por cento na mineradora e fatia de 40 por cento no projeto Zambeze, o que representa um potencial obstáculo para a oferta da Rio Tinto.
Um analista que pediu para não ser identificado afirmou que se a Vale estivesse interessada no ativo, já teria feito uma oferta antes. Ele afirmou que Moçambique pode ter desencorajado a Vale uma vez que o país quer mais de uma empresa desenvolvendo seus recursos de carvão.
A Riversdale também detém uma mina de carvão térmico subterrânea em operação na África do Sul, que pode atrair forte interesse pela qualidade de seus recursos e especialmente pela proximidade do ativo da Índia, que enfrenta grande escassez de carvão.