A estratégia de ação do Rio de Janeiro no setor de moda voltou-se para o aspecto em que é mais difícil ter uma competição direta: a criatividade (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2012 às 20h34.
Rio de Janeiro - As exportações fluminenses de moda cresceram 134% nos últimos dez anos, de acordo com informação divulgada hoje (9) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O valor exportado subiu de US$ 9,414 milhões para US$ 22,027 milhões, elevando a participação do estado no ranking nacional de vendas do setor de 3,63%, em 2001, para 13,46% até novembro do ano passado.
Os dois maiores exportadores do setor da moda nacional, que são os estados de São Paulo e Santa Catarina, experimentaram diminuição nas exportações, no período pesquisado. Em São Paulo, a retração foi 25,04%, passando de US$ 72,95 milhões para US$ 54,68 milhões. Santa Catarina, por sua vez, exportava US$ 104,87 milhões, em 2001, e caiu 53,30%, atingindo US$ 48,97 milhões, em 2011. Na década, a exportação brasileira de moda também mostrou redução de 36,80% (de US$ 259 milhões para US$ 163,69 milhões).
Embora ocupe a terceira posição entre os maiores exportadores do país, o Rio de Janeiro apresentou valorização no preço médio dos produtos de moda exportados de 185,9% entre 2001 e 2011. O preço médio por quilo passou de US$ 32,30 para US$ 92,34. Em São Paulo, o preço médio por quilo atingiu US$ 53,65 no ano passado, até novembro, e em Santa Catarina alcançou US$ 36,29.
O gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) do sistema Firjan, João Paulo Alcântara, disse à Agência Brasil que a valorização do preço médio do produto de moda fluminense vendido ao exterior “é uma constatação que vem se confirmando a cada pesquisa que o Rio de Janeiro atingiu de fato um equilíbrio. Conseguiu crescer o volume financeiro de suas exportações de moda e também o preço médio das exportações. É vender mais por mais. Mais volume financeiro, por um preço cada vez maior”.
Alcântara atribuiu a expansão das exportações fluminenses de moda à agregação de valor dada aos produtos embarcados. “A diferenciação e a qualidade do produto feito no Rio de Janeiro são a fórmula do sucesso até aqui. Tem sido focar em um nicho de mercado onde ele não vai competir exclusivamente em preço. A opção se dá pelo design, pela qualidade. O preço é um fator importante, mas não é o principal”.
Ele destacou que o cenário mundial não coloca o Brasil como um país competitivo no setor. “As condições de produção no Brasil não são convidativas, seja pelas questões cambiais ou pelo ambiente tributário. Os países asiáticos apresentam melhor condição para serem mais baratos em termos produtivos”.
Por isso, a estratégia de ação do Rio de Janeiro no setor de moda voltou-se para o aspecto em que é mais difícil ter uma competição direta, que é na criatividade, ressaltou. “O mercado percebeu a capacidade do Rio de Janeiro se diferenciar e essa estratégia foi incorporada pelas empresas. Esse foi o ponto central”.
Os Estados Unidos permanecem como o maior destino das exportações de moda fluminense, com 31% do total, seguido da França (16%), de Portugal (7%), do Japão e de Angola (cada um com 5%).