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Resultados da Oi melhoram, mas futuro ainda é incerto

"A Oi não pode ser considerada uma história de reviravolta por conta das incertezas a respeito da dívida", avalia analista

Oi: receita líquida Brasil foi de R$ 6,01 bilhões no trimestre, queda de 7,2% (Nacho Doce/Reuters)

Oi: receita líquida Brasil foi de R$ 6,01 bilhões no trimestre, queda de 7,2% (Nacho Doce/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 11 de maio de 2017 às 14h44.

São Paulo - Em recuperação judicial, a Oi precisa renegociar uma dívida bilionária e mostrar que pode continuar operando. Na divulgação de seus resultados trimestrais, ela mostrou geração de caixa e reduziu a dívida, mas perspectivas sobre a companhia ainda são incertas.

A dívida, que chegou a R$ 65 bilhões em junho do ano passado, quando a empresa abriu pedido de recuperação, baixou para R$ 40, 6 bilhões no primeiro trimestre desse ano.

Outro sinal positivo foi a diminuição do prejuízo no primeiro trimestre do ano. O resultado negativo foi de R$ 200 milhões, queda de 89% em relação ao ano passado.

A Oi reduziu os custos em 9,9% no período. Com isso, sua margem Ebitda alcançou 27,9%, aumento de 2,1 pontos percentuais em relação ao trimestre passado. Em conferência, Marco Schroeder, presidente da empresa, afirmou que essa melhora era sustentável e que ainda há espaço para reduzir custos com a digitalização de certos processos.

Com a melhora dos índices de qualidade e queda nas reclamações da companhia na Anatel ou Procon, o presidente também reforçou que "reiteramos o compromisso com a continuidade das operações" e que "conseguiremos, com acionistas e credores, solucionar nossa dívida".

O plano de recuperação judicial deve ser discutido em assembleia com credores até setembro, depois que a segunda lista de credores for publicada.

Sinais positivos, futuro incerto

Apesar dos resultados aparentemente melhores, ainda é necessário ter cautela.

"Os resultados mostraram a habilidade da companhia de apresentar melhorias relativas em seus resultados, principalmente por conta da remodelação das soluções de TV paga e dos efeitos positivos de redimensionar as estruturas internas", afirmou o analista Vinício Ribeiro, do Brasil Plural, em relatório.

No entanto, "a Oi não pode ser considerada uma história de reviravolta por conta das incertezas a respeito da dívida", escreveu ele. "Acreditamos que o melhor é esperar até que os vários players deste caso discutam e definam o futuro da companhia", diz o relatório.

Além disso, ainda há a possibilidade do governo intervir na companhia a partir de um projeto de lei. Segundo o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, apenas à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Oi deve cerca de 20 bilhões de reais.

Queda nas receitas

A receita líquida Brasil foi de R$ 6,01 bilhões no trimestre, queda de 7,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Um dos motivos para a queda nas receitas foi o menor uso de cartão pré-pago: o número de usuários nesta modalidade caiu 14,8% no trimestre. Segundo a Oi, isso ocorreu por conta das altas taxas de desemprego, que atingiu quase 14% em março.

Outro motivo foi a crise econômica dos governos, tanto estaduais quanto municipais, que têm participação relevante nas receitas corporativas da Oi. Os governos têm reduzido contratos, investimentos e novos projetos. A receita B2B caiu 17,7% no período.

Para balancear a queda nas receitas nos segmentos pré-pago e corporativo, a Oi busca oferecer novos pacotes e serviços.

Para o segmento residencial, a Oi busca oferecer mais de um serviço por cliente. Uma das apostas é o pacote Oi Total, que reúne telefonia fixa, banda larga e TV. A rentabilidade e a fidelização dos clientes deste pacote são maiores. Já são 1,17 milhões de clientes nessa modalidade - a Oi tem 63,4 milhões de usuários em todos os segmentos.

Já para o segmento corporativo, crescem as receitas não tradicionais como serviços de dados e TI, reduzindo a dependência dos serviços de voz.

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