Energia eólica (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2012 às 20h13.
São Paulo - A Renova Energia tem cerca de 2,5 gigawatts (GW) no portfólio de projetos eólicos já viáveis para o desenvolvimento, e considera que a fonte terá importante papel para atender aos cerca de 9 GW médios que calcula serem necessários para atender a demanda no país até 2020.
"Acreditamos que daqui até o final da década, até 2020, o sistema vai precisar de tudo o que já foi contratado, inclusive Belo Monte, mais 9 gigawatts (GW) médios", disse o diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios da Renova, Pedro Pileggi, à Reuters nesta terça-feira.
A conta foi feita pela própria companhia --que tem a Light no bloco de controle desde o ano passado-- e leva em consideração uma previsão de crescimento do PIB de 3 a 4,5 por cento ao ano, entre outros dados relacionados à demanda e consumo de energia.
"Nos próximos cinco anos, o governo vai contar muito com as eólicas. Porque as eólicas têm esse benefício de serem construídas muito rapidamente. Estão disponíveis, entraram num preço atrativo", acrescentou Pileggi, lembrando que hidrelétricas e térmicas enfrentam algumas dificuldades para viabilização.
As termelétricas a gás têm enfrentado escassez do combustível para participarem nos leilões, a não ser no caso de projetos integrados do grupo MPX Energia, do bilionário Eike Batista, que já possuem seu próprio gás.
As grandes hidrelétricas encontram dificuldades para obtenção das licenças ambientais e precisam de pelo menos cinco anos para serem viabilizadas, desde a participação no leilão.
Diante disso, a Renova Energia considera que há uma boa oportunidade de crescimento para a companhia, que aposta na energia eólica.
A Renova fechou 2011 com 31 milhões de reais de Ebitda (sigla em inglês lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) e verá a geração de caixa saltar para cerca de 700 milhões de reais em 2016, quando todos os seus parques com energia já contratada, no total de cerca de 1,1 GW, estiverem em operação.
A Renova Energia está crescendo em média 200 megawatts (MW) por ano, e pretende crescer cerca de 400 MW a 500 MW anuais a partir de 2015, buscando expansão por meio de participações nos leilões de energia e também com contratos no mercado livre.
A empresa tem um total de 9 GW em seu portfólio de projetos, dos quais 2,5 GW, na Bahia, já possuem arrendamento e certificação, ou seja, já considerados viáveis para o desenvolvimento. Outros 2 GW, também na Bahia, "tem toda a indicação de que têm o mesmo perfil dos anteriores", segundo o executivo, mas ainda não possuem certificação.
O restante está em outros sete Estados do país, em localizações nas quais a empresa completará um ano de medição dos ventos em 2012. "Hoje, dado o tamanho da Renova, a gente não precisa ficar viabilizando contrato com um ano de medição... Se é uma nova fronteira, se é um novo lugar, eu quero conhecer um pouco mais esse lugar." Segundo o executivo, a Bahia é a "mina de ouro" da empresa, mas a intenção de aumentar o portfólio da companhia para outros Estados tem a ver com a "perpetuidade da companhia". "Hoje, no curto prazo, para os próximos dois ou três anos, vamos ficar lá no interior da Bahia mesmo", acrescentou.
"O conceito de portfólio de projeto é um conceito que, para quem quer crescer 400 MW a 500 MW por ano, tem que ter uma amostra muito grande para poder filtrar uma quantidade excelente de projetos a cada ano", afirmou.
A Renova Energia terá os seus primeiros 14 parques eólicos prontos para operar em julho deste ano, no total de 293,6 MW, que gerarão uma Ebitda adicional, em termos anualizados, de 165 milhões de reais.
Entretanto, os projetos não devem entrar em operação na data prevista, já que os sistemas de conexão de transmissão, de responsabilidade da Chesf, do grupo Eletrobras, estão atrasados. "Se a linha de transmissão estivesse pronta, dava para antecipar receita... Mas a receita (futura) não é prejudicada. Estando disponível para operar, a gente tem direito a essa receita", disse Pileggi.