Renault: a montadora declarou em um comunicado que "respeita a legislação francesa e europeia" e que seus veículos "não têm dispositivos fraudulentos" (Andrey Rudakov/Bloomberg)
AFP
Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 15h56.
Mais de um ano depois do escândalo Volkswagen, a Justiça francesa abriu uma investigação sobre a Renault para determinar se há fraude nos dispositivos de controle de emissões poluentes nos veículos a diesel da fabricante francesa.
A procuradoria ordenou em 12 de janeiro a abertura dessa investigação judicial por "fraude", acrescentando como agravante consequências "para a saúde".
A Renault, que apresentou em março de 2016 um plano de ação para reduzir os óxidos de nitrogênio (NOx) de seus motores a diesel, declarou em um comunicado que "respeita a legislação francesa e europeia" e que seus veículos "não têm dispositivos fraudulentos".
A Renault é a segunda fabricante de automóveis que terá queresponder na justiça francesa por suas práticas em matéria de emissões de seus motores a diesel, depois da Volkswagen, que admitiu em setembro de 2015 que manipulou onze milhões de veículos para falsificar os resultados dos controles de emissão de partículas poluentes.
Em fevereiro de 2016, foi aberta uma investigação judicial contra a fabricante alemã por "fraude com agravante".
Após o escândalo da Volkswagen, o ministério do Meio Ambiente da França criou uma comissão de especialistas para realizar testes a uma centena de marcas de veículos à venda no país.
As conclusões da comissão, publicadas em julho de 2016, evidenciaram que várias fabricantes, em particular a Renault, excediam as emissões permitidas.
Paralelamente, o ministério da Economia francês encarregou a Direção Geral de Concorrência, Consumo e Repressão de Fraudes (DGCCRF, na sigla em francês) de investigar uma dezena de marcas que vendem veículos diesel na França.
Na investigação, a DGCCRF realizou em janeiro de 2016 uma série de registros em várias fábricas da Renault, o que provocou uma queda de suas ações na Bolsa.
Após a investigação, a direção de repressão de fraudes decidiu no outono de 2016 transmitir suas conclusões ao Ministério Público.
O anúncio desta investigação judicial contra o grupo francês acontece dois dias depois de uma etapa crucial no escândalo Volkswagen.
Na quarta-feira, a VW reconheceu na Justiça americana sua participação em uma "conspiração" e aceitou pagar uma multa adicional de 4,3 bilhões de dólares, elevando a cerca de 22 bilhões de dólares as indenizações que deverá pagar unicamente nos Estados Unidos.
Isso, entretanto, não encerra o capítulo do "dieselgate" nos Estados Unidos.
Na quinta-feira, as autoridades americanas acusaram o grupo Fiat Chrysler (FCA) de ter manipulado também os motores de 104.000 de seus veículos a diesel no país para minimizar o nível real de suas emissões poluentes.
De acordo com as autoridades americanas, o grupo ítalo-americano instalou um programa controverso em seus modelos Jeep Cherokee e suas caminhonetes picape Dodge Ram 500, fabricadas entre 2014 e 2016, sem informar às autoridades.
A Fiat Chrysler rejeitou imediatamente as acusações assegurando o respeito às "condições exigidas" e negando qualquer trapaça.