EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2011 às 16h54.
São Paulo – “Imperdoável”. Essa foi a palavra que o Tribunal de Apelação de Versalhes usou para definir a postura da Renault que culminou no suicídio de três funcionários em cerca de seis meses, entre 2006 e 2007. Nesta quinta-feira (19/05), a justiça determinou, em segunda instância, que a família de Antonio B. (o sobrenome do funcionário foi preservado), morto em outubro de 2006, receba uma indenização depois de o profissional passar por estresse intenso, perder oito quilos e acabar com a própria vida em decorrência das pressões e da alta carga de trabalho.
A justiça considerou que a montadora tinha consciência das más condições de trabalho vividas pelo funcionário e foi negligente quanto a isso. A ação foi movida por sua esposa, que declarou que espera que, a partir de agora, as empresas ouçam e fiquem em alerta sobre os sistemas de gestão destrutiva.
O valor da indenização corresponde à totalidade da pensão paga à família. Antonio tinha 39 anos na época, era engenheiro da computação e cometeu suicídio dentro do prédio do Technocentre de Guyancourt, centro de pesquisa da Renault. De acordo com a imprensa internacional, a montadora tem o prazo de dois meses para decidir se vai apelar da decisão. A companhia afirmou que, há cerca de três anos, tomou providências para evitar os suicídios, quando contratou empresas especializadas em problemas psicossociais.
Esse resultado é um de três casos de suicídio de funcionários da Renault, ocorridos na mesma época. O processo do caso de Raymond D., que se matou em fevereiro de 2007, vai ser julgado também em segunda instância em 9 de junho. Já na morte de Hervé T., em janeiro de 2007, a culpa da Renault foi descartada pela justiça francesa em novembro do ano passado.