SEDE DO NEW YORK TIMES: jornal quase quebrou em 2008, mas foi salvo com aporte do mexicano Carlos Slim / REUTERS/Jeenah Moon
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 1 de novembro de 2018 às 07h10.
Num momento de jornalismo sob ataque, o New York Times deve dar nesta quinta-feira uma nova boa notícia para leitores, defensores da liberdade de imprensa — e para seus investidores.
A companhia deve anunciar que chegou a 3 milhões de assinantes digitais, o dobro do que tinha há dois anos, período que coincide com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. A companhia começou a cobrar pelo acesso a seu site em 2011. Assim como o recém-eleito presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, Trump é um ferrenho crítico da imprensa, a quem frequentemente acusa de distribuir “fake news” contra ele. Desde que ele foi eleito, há dois anos, o valor de mercado da companhia dobrou, para 4,3 bilhões de dólares.
No segundo trimestre, o lucro operacional do New York Times foi de 40 milhões de dólares, uma alta de 53% em relação ao mesmo período do ano anterior, puxada pelas assinaturas digitais, que compensam em muito a queda de anúncios. As assinaturas já respondem por dois terços das receitas da companhia. Os anúncios, em contrapartida, seguem em queda: recuaram 7,5% no trimestre passado nas versões digitais e 11,5% no jornal impresso.
O faturamento no último trimestre foi de 414 milhões de dólares, uma alta de 1,8% em relação ao ano anterior. Para esta quarta-feira a previsão de mercado é de um faturamento trimestral de 410 milhões de dólares. Em 2017, a companhia faturou mais de 1 bilhão de dólares com assinaturas. São mais de 135 milhões de leitores, dos quais 3,8 milhões são assinantes.
Em 2008, quase quebrou na esteira da crise financeira, que derrubou a receita com anúncios. Foi salvo com um aporte de 250 milhões de dólares do bilionário mexicano Carlos Slim. Desde então, se armou para prosperar num cenário de menos anúncios e informação diluída. Hoje, o NYT tem 1.450 jornalistas que falam 57 línguas diferentes e que, só em 2017, fizeram reportagens de 160 países.
Desde o início do ano, o jornal está sob comando de um novo publisher, A. G. Sulzberger, que substituiu Arthur O. Sulzberger Jr. após 25 anos no cargo.
A meta, até 2020, é chegar a 800 milhões de dólares de faturamento digital. Coincidência ou não, o ano marcará a nova eleição presidencial nos Estados Unidos. Qualquer que seja o resultado, a verborragia de Trump terá feito muito bem ao New York Times.